Criolo e Emicida fazem show em SP; leia as entrevistas com os rappers

Criolo e Emicida selaram uma parceria bem-sucedida em 2012 que resultou em um grande show no Espaço das Américas (zona oeste de São Paulo), registrado em DVD, dirigido por Paula Lavigne, Andrucha Waddington e Ricardo Della Rosa.

Neste domingo (dia 14), eles voltam à casa, quase um ano depois, para lançar o vídeo. Os ingressos custam R$ 60 (estudantes pagam R$ 30) e estão à venda pelo site www.ticket360.com.br, pelo telefone 0/xx/11/2027-0777 ou na bilheteria.

Crédito: Fabio Braga/Folhapress Emicida (à esq.) e Criolo dividem o palco do Espaço das Américas (zona oeste) no domingo (dia 14)
Emicida (à esq.) e Criolo dividem o palco do Espaço das Américas (zona oeste) no domingo (dia 14)

"O repertório do show pode variar e ser diferente do DVD", diz Emicida. "A maneira como vemos a música é bem curiosa. A música vai se moldando a cada ensaio, os arranjos variam, dependendo do entrosamento da banda".

Além de Criolo e Emicida, a apresentação terá convidados surpresa.

Leia, abaixo, as entrevistas com os cantores.

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EMICIDA

Guia Folha - O que o público pode esperar desse reencontro de vocês? O repertório será idêntico ao do DVD?
Emicida - Não, acho que vai dar uma variada. A maneira como a gente vê a música é bem curiosa. Ela vai se moldando a cada apresentação, dependendo do entrosamento da banda.
Acabei de chegar do ensaio, e os arranjos já variaram, já apareceram coisas diferentes. A ansiedade de se tocar ao vivo também dá um tempero especial. Fora que os artistas da banda têm muito entrosamento, e aí fica mais fácil de rolar coisas novas na hora.

Por mais que você e o Criolo se apresentem juntos, cada um canta sua música e vocês acabam mantendo a sua individualidade. Vocês não costumam dividir as músicas...
É verdade. Em algumas, fazemos alguma interação, como em "Mariô". Mas o show foi moldado nessa maneira mesmo e não costumamos mexer muito nisso. Porque fica com uma cara de mixtape, que é mais comum no rap, então eu acho legal que fique assim.

Você o Criolo fizeram essa parceria no ano passado e depois se dedicaram mais às próprias carreiras. Daqui pra frente, você continuará tocando mais a sua carreira individual ou planeja mais parcerias?
É, mas isso acabou acontecendo meio sem querer. Porque depois que a gente gravou o DVD, a gente se desencontrou bastante. Fizemos muitos shows fora do Brasil. Foi uma correria. O Criolo ia para a Europa, a gente estava em Nova York... Sem contar as turnês pelo Brasil. Não conseguimos nos encontrar para compor. Mas eu componho com outros artistas, que fazem parte da minha banda, e sou muito feliz por eles fazerem parte do meu trabalho.

Olha, o show tem um ano, o DVD saiu agora. Daqui para a frente, vamos trabalhar esse registro. Mas deve sair algo novo em pouco tempo. Estou finalizando a burocracia para lançar meu novo álbum. Acho que é possível fazer algo simultaneamente com essa turnê. Mas, agora, meu foco é meu álbum novo.

Acho que o Criolo também, porque ele é um compositor compulsivo. Eu gostaria muito de ser assim, mas não consigo fazer música de 24 horas por dia. Também me dedico a outras artes; às vezes, desenho, faço histórias em quadrinho... o que é bem legal também.

Vocês têm algum convidado especial para esse show?
Vai ter alguém, mas ainda não é certeza. É provável que o Evandro Fióti vá... mas agora ele está ficando famoso, então ele escolhe. [risos]
Mas essas coisas vão ficar mais evidentes na próxima semana. Muita coisa é decidida na hora também. Às vezes, uma pessoa aparece lá e a gente fala: "é você mesmo; vem para o palco!". Mas teremos algum convidado especial, sim.


CRIOLO

Guia Folha - Você e o Emicida vinham fazendo um trabalho em parceria que deu muito certo. Foram shows esgotados no Sesc Pompeia e depois aquele no Espaço das Américas. Vocês decidiram gravar o DVD apenas alguns dias antes da apresentação. Como foi essa decisão?
Criolo - Foi mais ou menos como aconteceu no meu DVD do Circo Voador [Rio de Janeiro]. Acho que foi o Andrucha [Waddington] que teve a ideia, e muita gente quis participar. Todo mundo estava muito a fim; acho que foram quase 100 pessoas envolvidas. E a gente nem sabia o que seria feito depois; só sabíamos que queríamos registrar o show.

Você já tinha trabalhado com a Paula Lavigne antes, no seu DVD do Circo Voador. Dessa vez, foram usadas 40 microcâmeras no palco. Como foi a experiência de gravar assim?
No Circo Voador, tinha rolado a mesma história, de querermos fazer em cima da hora, e a Paula registrou. Mas foi uma coisa menor. Acho que foi uma equipe de seis ou sete pessoas. Muita gente queria ter participado, mas como foi tudo muito em cima da hora, não rolou.

Nesse DVD do Circo, foram usadas poucas câmeras. Dessa vez, tinha câmera nos instrumentos, no público, no teto... Foi muita coisa. Não tenho certeza de quem foi a ideia de usar as microcâmeras... foi do trio parada dura [Paula Lavigne, Waddington e Ricardo Della Rosa].

Além das microcâmeras, um bom recurso usado no DVD é a divisão da tela. Seus clipes, "Subirusdoistiozin", por exemplo, também têm uma qualidade de vídeo alta. Você se interessa por isso? Acompanha o trabalho da direção?
Olha, eu sempre fico por perto, porque de tudo você pode aprender, né? Mas o mérito é mesmo da equipe. Tem uma direção de arte muito bem cuidada, muito atenta. Essa direção do "Subirusdoistiozin", de "Mariô"...

São universos diferentes, mas você vê o zêlo, o esmero da equipe... e eu procuro aprender um pouco.

No seu CD mais recente, "Nó na Orelha", você explora vários estilos musicais, não só o rap. Por quê?
Na verdade, deixa eu te contar... O CD nasceu porque um amigo meu, ao saber q eu não ia mais cantar, falou: "cara, vou criar uma situação pra que você vá no estúdio e grave essas coisas, só pra você guardar e lembrar que você tem.".

Você ia se aposentar?
Sim, ia. Quando completei 20 anos de carreira, decidi parar. E aí, como era um registro para mim e para a minha família, eu decidi gravar assim, coisas que foram criadas... não era pra ser disco.

E você desistiu da aposentadoria?
Olha, eu confesso que foi tanta gente me estendendo a mão e me ajudando que agora sempre penso uma coisa, que é: "enquanto me permitirem eu vou dividir minhas músicas". Para mim, é assim, não tem aquela obrigação de compor e lançar coisas novas. Eu faço porque gosto. E, enquanto as pessoas permitirem, vou continuar dividindo com elas.

E daqui para frente, quais são seus planos? Está planejando um novo álbum?
Eu tenho algumas coisas antigas que vasculhei. Algumas novas também... esse processo de composição é diário, né? Não é uma coisa que você para e depois retoma, pelo menos pra mim.

E, como eu disse, não tem essa de "tem que fazer isso agora". Tenho 24 anos de carreira. Quando completei 20, eu ia parar. Então, penso que tudo que está acontecendo agora é lucro. Sou muito agradecido por isso.

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