Aos 33 anos, a atriz inglesa Keira Knigthley é identificada como um rosto dos chamados filmes de época. De suas 32 atuações para o cinema, em 13 delas apareceu em tramas ambientadas até o início do século 20.
Êxitos como “Rei Arthur” (2004), “Orgulho e Preconceito” (2005) e “Anna Karenina” (2012) fazem parecer natural vê-la em longos vestidos e falando textos empolados, como gostam de mostrar os filmes do gênero.
Mais uma vez, ela se entrega à imersão no passado, num papel em que pode questionar as imposições que ambientes de domínio masculino impuseram às mulheres.
“Colette” se passa na França, na passagem do século 19 para o 20, numa trama livremente baseada em parte da vida da escritora Sidonie-Gabrielle Colette.
Jovem do interior, ela é levada para os círculos intelectuais de Paris pelo marido, Henri Gaulthier Villars. Famoso por livros que assinava como Willy, aproveita-se do talento da mulher e lança, como se fossem dele, quatro romances dela, de extremo sucesso. Publicados entre 1901 e 1904, trazem as aventuras de uma jovem de vida atribulada, em relatos com inspiração autobiográfica.
O filme se concentra na ascensão de Colette, que deseja receber a atenção para seu trabalho, e nos mecanismos de manipulação do marido para sabotá-la no meio literário.
“Colette” não é para grandes plateias. Traz diálogos que são verdadeira esgrima verbal, bem defendidos por Keira e Dominic West (de “The Square”), que interpreta o marido.
Wash Westmoreland parece gostar de dirigir atrizes. Ele conduziu uma atuação brilhante de Julianne Moore como a mulher diagnosticada com Alzheimer em “Para Sempre Alice” (2014), que rendeu o Oscar à atriz.
Aqui, tem a presença de Keira Knightley para dar força a uma história que discute transgressões. Sem a inglesa para imprimir tensão a algumas cenas, poderia naufragar.
Se “Colette” é uma obra de visual belíssimo, falta um roteiro mais incisivo, disposto a expor as contradições da sociedade. Deixa a impressão de que a atriz é muito melhor do que o filme.
“Colette” é bom. Keira Knightley é ótima.
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