Iron Maiden supera caos e lama diante de 60 mil em SP

Infelizmente para o público aproximado de 60 mil pessoas (segundo a organização do show) que lotou o autódromo de Interlagos, em São Paulo, no domingo (15), o show do Iron Maiden --o maior da história do sexteto em termos de público, segundo o próprio grupo, excluindo os festivais-- quase ficou em segundo plano por conta da desorganização e dos inúmeros problemas enfrentados pelas pessoas para chegar, assistir ao evento e ir para casa.

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Crédito: Mastrangelo Reino/Folha Imagem
Vocalista Bruce Dickinson no início do show; apresentação concentrou canções antigas

Às 19h, uma hora antes do horário estipulado para a entrada da banda no palco, uma fila gigante percorria boa parte das ruas que cercam o autódromo e chegava a 2 km de distância do único portão que dava acesso à pista normal, setor mais barato --o valor da inteira era de R$ 140-- e que concentrava a maior parte do público.

Ao perceber que o público não conseguiria entrar antes do início do show, a organização resolveu, então, liberar uma outra entrada para o mesmo portão, sem avisar aqueles que já estavam há aproximadamente duas horas buscando ingressar no autódromo. A tática não evitou que algumas pessoas entrassem no local já durante a execução da terceira música, "2 Minutes to Midnight".

Com a confusão, o show foi atrasado em uma hora. Por conta da chuva que atingiu a cidade durante a tarde, a pista ficou coberta de lama, criou um "cenário Woodstock" --lembrando o festival de 1969, realizado em uma fazenda, em que a chuva também transformou o local em um lamaçal-- e atrapalhou os fãs que buscavam acompanhar a apresentação, além de prejudicar os fogos de artifício que seriam usados pela banda. O telão também teve problemas durante todo o evento.

Na saída, nem mesmo a antecipação de muitos dos fãs --que não esperaram o bis ou que começaram a deixar o autódromo após a primeira música ("The Number of The Beast")-- evitou mais tumulto. A única rampa que dava acesso aos dois setores --pista normal e pista premium-- lotou rapidamente. A solução, para alguns, foi pular alambrados e derrubar grades em busca da saída. Outros aguardaram mais de 40 minutos apenas para conseguir deixar o local.

A escolha pelo autódromo de Interlagos para poder abrigar um público maior demonstrou que o lugar, que fica muito distante do centro da capital paulista, não tem estrutura para shows deste porte.

O show

Crédito: Mastrangelo Reino/Folha Imagem
Steve Harris, membro mais antigo, aponta seu baixo para a plateia

Alheio aos problemas, o Iron Maiden entrou no palco detonando "Aces High" (1984), "Wrathchild" (1981) e "2 Minutes to Midnight" (1984), três clássicos que levantaram rapidamente o público. O grupo reproduziu o set-list executado no Rio de Janeiro no dia anterior, com algumas diferenças em relação às músicas que foram tocadas em São Paulo em 2008.

Nesse contexto, "Children of the Damned" (1982) e "Phantom of the Opera" (1980) eram as duas grandes surpresas, já que são músicas raramente presentes nas turnês do Iron Maiden. Antes, Bruce Dickinson pediu desculpas pelo atraso e justificou que a espera foi necessária para que os fãs que aguardavam do lado externo do autódromo pudessem entrar.

O vocalista, sempre alterando seu figurino de acordo com as canções, agitou a bandeira britânica em "The Trooper" (1983). "Wasted Years" (1986) precedeu "Rime of the Ancient Mariner" (1984), música mais longa do set, com 13 minutos, e que teve prejudicado seu show pirotécnico, que contava com explosões. A execução, no entanto, foi perfeita, nesta que é uma das mais complexas canções do grupo.

O baterista Nicko McBrain perdeu o timing da introdução de "Powerslave" (1984), mas dessa vez a pirotecnia funcionou melhor, com Bruce Dickinson surgindo atrás das labaredas de fogo utilizando uma máscara teatral --repetindo a execução da época do vídeo "Live After Death" (1985).

A música "Run to the Hills" (1982) levanta o público e dá início à parte final do show, com o hit "Fear of the Dark" (1992) e as clássicas "Hallowed be thy Name" (1982) e "Iron Maiden" (1980). Nessa última, uma esfinge com o rosto do mascote Eddie aparece atrás da bateria de Nicko McBrain, dando espaço para o próprio Eddie, caracterizado como múmia, surgir no palco no meio da canção --outra referência ao "Live After Death".

O bis teve início com "The Number of the Beast" (1982), marca registrada do Iron Maiden e que também viu seu show pirotécnico funcionar sem problemas. "The Evil that Men Do" (1988) e "Sanctuary" (1980) encerraram o show, já com muita gente indo embora prevendo os problemas para a saída. Outros, no entanto, hesitavam na esperança que a banda retornasse ao palco.

Dickinson então afirmou que a banda já fez grandes apresentações, mas que, em Interlagos, o público era recorde em suas turnês, com exceção dos festivais.

A fila na entrada e a lama em Interlagos não desanimaram os fãs, que cantaram, bateram palmas e obedeceram aos comandos de Bruce Dickinson para erguer os braços simultaneamente durante as músicas.

Antes de encerrar, o vocalista também anunciou o lançamento de um novo disco de estúdio e uma turnê nos próximos anos, que deve passar novamente por São Paulo.

Colaborou LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online

Crédito: Mastrangelo Reino/Folha Imagem Organização estimou que 60 mil pessoas assitiram à apresentação do Iron Maiden no autódromo de Interlagos; público sofreu com filas, lama e atraso
Organização estimou que 60 mil pessoas assitiram à apresentação do Iron Maiden no autódromo de Interlagos

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