Descrição de chapéu Crítica Rio de Janeiro
Restaurantes

Dainer é clássica cilada de restaurante hypado que desaponta na comida

Restaurante, instalado em Botafogo, no Rio de Janeiro, escorrega nos pratos mais básicos, como nuggets de frango

A imagem mostra um prato de gratinado, com uma crosta dourada e crocante, polvilhado com ervas verdes. O prato é oval e está sobre uma bandeja. Ao fundo, pode-se ver outros pratos, incluindo um com bacon e outro com um tipo de sobremesa. A mesa é clara e o ambiente parece ser de um restaurante.
Torta de frango, uma espécie de escondidinho de batata com a ave, gratinada a lenha (R$ 56) - Cleo Guimarães/Folhapress
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Rio de Janeiro

Sair decepcionada de um restaurante hypado e que vive lotado é uma das experiências mais frustrantes que há. Mas a sensação de "será que só eu não gostei?" cai por terra quando a moça da mesa ao lado chama a garçonete para reclamar que o atum da salada niçoise "não parece fresco".

Aconteceu no Dainer, casa inspirada nos american diners, os restaurantes casuais dos EUA que vemos com frequência nos filmes de Hollywood e nos quadros de Edward Hopper. Além dos clássicos desse tipo de estabelecimento (sanduíches, waffles, café coado, ovos e bacon em variadas propostas), o Dainer também se espraia pela gastronomia de outros países.

No menu, brasileirices como broa de milho, pão de queijo com Catupiry e geleia de goiaba (R$ 21, três); latke (bolinhos de batata do Leste Europeu) com guacamole, salmão defumado e ovo poché (R$ 58) e a ultrafrancesa salada niçoise, aquela com o atum desmaiado da cliente vizinha. A ela, aliás, foram oferecidos nuggets de cortesia como forma de tentar reparar o erro que veio da cozinha.

Que tenha tido melhor sorte do que eu. Ao optar pelos nuggets com mac ‘n cheese (R$ 66), o pesadelo aconteceu: o interior estava quase cru. A garçonete (praticamente uma gestora de crises) os levou de volta, e longos minutos depois, trouxe outros —mas aí, já era. O sem graça macarrão ao molho de cheddar já estava frio. Na hora da conta, o prato, quase intocado, não foi cobrado.

Em nova visita ao Dainer, insisti no brioche com bacon, ovo poché, molho hollandaise e camarões, finalizado com ovas (R$ 60). Na primeira vez estava ok, longe de ser memorável. Os crustáceos sem sabor pareciam exercer uma finalidade decorativa ao mais instagramável dos pratos do menu.

O que pegou foi o ovo poché. Ao cortar o brioche (um pouco adocicado demais), a gema, vlapt!, pulou para fora do pão, inteira. Cena estranha para quem esperava que ela escorresse, molinha.

Há, no entanto, refeições reconfortantes para o almoço na casa de Eduardo Araújo, empresário com expertise na área. Ele é dono de bares badalados como Quartinho e Chanchada, e do Café 18 do Forte, em Copacabana, onde aposta suas fichas no brunch, assim como no Dainer.

Entre as opções, disponíveis a qualquer hora do dia, um dos hits é a panqueca com banana, manteiga, maple syrup e nozes pecan (R$ 34). As panquecas vêm em duplas, enormes, ideais para os mais gulosos. A manteiga é que destoa —ou melhor, a falta dela. São apenas dois cubinhos, que não dão conta de cobrir aquele latifúndio de massa. Haja maple.

Da ala de principais, sobressaem o estrogonofe de filé-mignon, arroz basmati e fritas (R$ 68), e a incrível torta de frango (R$ 56), apresentada de forma pouco modesta no menu. Assemelha-se a um escondidinho e leva creme de batata, Catupiry e frango. Gratinada a lenha, traz a mesma sensação de aconchego do estrogonofe.

Na hora da sobremesa, vale a pena ir à lojinha ao lado, onde fazem sucesso os sorvetes de casquinha (feitas por lá, com delicado sabor de canela). O de chocolate amargo, à base de óleo de coco e água (R$ 16) é uma boa opção para os veganos e muito superior à aguada versão de creme.

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