Críticos elegem filmes que fizeram história nos últimos 20 anos

No aniversário do "Guia", confira a seleção de filmes mais marcantes nas últimas duas décadas, na visão dos críticos que passaram pelo quadro

Adriana Küchler (editora-adjunta de Cultura)

1. "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças" (2004) - Tão avassalador e inesquecível quanto... esqueci

2. "Waking Life" (2001) - Perfeita suspensão entre sonho e realidade

3. "Amor" (2012) - Retrato mais devastador do amor, da velhice e da morte

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
Cena de 'Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças' - Divulgação


Alcino Leite Neto (editor da Três Estrelas)

1. "Gente da Sicília" (1999) - A revolução permanente de Straub-Huillet

2. "Blissfully Yours" (2002) - O primeiro grande poema de Apichatpong

3.  "Serras da Desordem" (2006) - A obra-prima do brasileiro Andrea Tonacci


Amir Labaki (articulista da Folha e diretor do festival É Tudo Verdade)

1. "Amor à Flor da Pele" (2000) - "What Is this Thing Called Love?" ou "Vertigo" 2.0

2. "As Cinco Obstruções" (2003) - Cinema: modos de fazer

3. "Santiago" (2006) - Quantos filmes há num material bruto? Quantos "eus" numa vida?


Arlindo Machado (professor da ECA-USP)

1. "Histoire(s) du Cinéma" (1998) - Um balanço de todo ódio e paixão pelo cinema

2. "Arca Russa" (2002) - Um antológico plano-sequência de 87 minutos

3. "Takeshis" (2005) - Kitano (cine) x Takeshi (TV): bipolaridades


Cássio Starling Carlos (crítico da Folha)

1. "Cidade dos Sonhos" (2001) - Anuncia a irrealidade em que vivemos

2. "Cópia Fiel" (2010) - Viagem ao princípio do cinema

3. "Serras da Desordem" (2006) - A verdadeira face da ordem e do progresso


Chico Fireman (crítico de cinema)

1. "Elefante" (2003) - A inquietação do ser humano em formação

2. "Tio Boonmee, que Pode Recordar..." (2010) - O homem e a natureza; o homem e seus fantasmas

3. "Tabu" (2012) - O cinema, a memória e a inocência perdida

Tabu
Cena do filme 'Tabu' - Divulgação


Eder Santos (artista plástico e cineasta)

1. "Invasões Bárbaras" (2003) - Perfeita discussão sobre a grande virada da nossa história

2. "Match Point" (2005) - A mais brilhante tentativa de Woody Allen de contar, novamente, "Crime e Castigo"

3. "Interestelar" (2014) - Um filme marcante no mundo sci-fi. Visualmente incrível


Fernanda Ezabella (colaboradora da Folha em Los Angeles) 

1. "O Grande Lebowski" (1998) - Referências pop que cruzaram gerações

2. "Cidade dos Sonhos" (2001) - Não entendi nada, mas relembro até hoje

3. "Kill Bill" (2003-2004) - A vingança nossa de todos os dias


Guilherme Genestreti (repórter da "Ilustrada")

1. "Dente Canino" (2009) - Um dos filmes mais perversos do período

2. "Jogo de Cena" (2007) - Sepultou a ideia de verdade documental

3. "Boogie Nights" (1997) - Lançou um dos melhores diretores de hoje

Boogie Nights
Cena de "Boogie Nights" - Divulgação


Inácio Araujo (crítico de cinema)

1. "A Inglesa e o Duque" (2001) - O cinema moderno encontra o cinema das origens

2. "A Carta" (1999) - Os sentimentos que permanecem pelo tempo

3. "Guerra Sem Cortes" (2007) - O horror da guerra e da imagem onipresente


José Geraldo Couto (jornalista, crítico de cinema e tradutor)

1. "César Deve Morrer" (2012) - Presos barra-pesada re-humanizados por Shakespeare

2. "Sobre Meninos e Lobos" (2003) - A tragédia surda do "american way of life"

3. "Em Busca da Vida" (2006) - Antes do dilúvio, as mudanças vertiginosas da China


Marcelo Hessel (jornalista)

1. "A Vila" (2004) - O século em que vivemos em perigo

2. "Mal dos Trópicos" (2004) - Melhores duas horas rumo ao transcendental

3. "Cidade dos Sonhos" (2001) - Hollywood como sempre, como nunca


Marina Person (cineasta e apresentadora)   

1."Tabu" (2012) - Um filme que me fascinou pela originalidade

2. "Amor à Flor da Pele" (2000) - Arrebatador. Fotografia e música inesquecíveis

3. "Boyhood" (2014) - Nunca tinha visto nada parecido no cinema 

Boyhood
Cena de "Boyhood" - Divulgação


Sérgio Alpendre (crítico e professor)

1. "Marcas da Violência" (2005) -  Cronenberg em seu último momento genial

2. "O Quinto Império" (2004) - Inesquecível aula de composição de quadro

3. "A Ponte das Artes" (2004) - O filme mais belo e emocionante de Eugène Green


Sérgio Dávila (editor-executivo da Folha)

1. "Adaptação" (2002) - Jornalismo desconstruído pelo cinema

2. "Amnésia" (2000) - Cinema desconstruído pelo roteiro

3. "Sexto Sentido" (1999) - Suspense reinventado, com final ainda hoje arrepiante

Sexto Sentido
Cena de "Sexto Sentido" - Divulgação



Sérgio Rizzo (jornalista e professor)

1. "Cidade dos Sonhos" (2001) - Fantasmas de Hollywood na Lynchlândia

2. "Dogville" (2003) - Menos é mais 

3. "A Viagem de Chihiro" (2001) - Crescer é perigoso


Ricardo Calil (crítico da Folha)

1. "Encontros e Desencontros" (2003) - Desamparo contemporâneo e seu antídoto

2. "Holy Motors (2012) - O cinema ainda é capaz de desnortear

3. "Serras da Desordem" (2006) - Ordem e progresso para quem, cara-pálida?


Suzana Amaral (cineasta)

1. "Relatos Selvagens" (2014) - Coloca a vida no limite, em situações que podem acontecer com qualquer um

Relatos Selvagens
Cena de "Relatos Selvagens" - Divulgação


Tata Amaral (cineasta)

1. "Baile Perfumado" (1997) - Sincretizou o pop e o sertanejo. Um susto!

2. "Cidade de Deus" (2002) - Mergulho no morro carioca. Elenco inédito

3. " Que Horas Ela Volta?"  (2015) - Criou Jessica, a mulher empoderada


Tati Bernardi (escritora e roteirista)

1. "Nebraska"  (2013) - Quando ainda somos tão carentes, mas nossos pais viram crianças

2. "Meia-Noite em Paris"  (2011) - Neurose somada a uma infinita capacidade de encantamento: obra-prima

3. "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" (2004) - Roteiro desconstruído brilhantemente e o mais bonito final de um filme romântico



Vale a pena ver de novo o que estava em cartaz em 1997?

Em 20 anos, alguns filmes amadurecem, outros envelhecem, e a maior parte deles some do mapa. Havia de tudo um pouco nos filmes em cartaz no primeiro "Guia", há exatos 20 anos.

O Oscar havia consagrado Shine - Brilhante como melhor filme do ano. Difícil esquecer a atuação de Geoffrey Rush. Mas e do resto? Alguém lembra?

E que interesse tem Verdades e Mentiras, de Mike Leigh, apesar de sua Palma de Ouro? Serão ao menos filmes a redescobrir?

Ao contrário, Mulheres Diabólicas mostrou-se mesmo um grande Claude Chabrol, e O Povo Contra Larry Flint, de Milos Forman, é um marco na luta pela liberdade de ideias (mesmo as piores) e Pânico, uma marca no horror moderno.

Há sucessos que hoje já não nos dizem nada. E há outros que se revelam ainda mais vivos e interessantes. São em menor número, claro. É sempre assim em arte. (Inácio Araujo)

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