Há 20 anos, numa sexta de março como esta, a Folha estampava na primeira página o lançamento do "maior roteiro de lazer de São Paulo".
Na capa do primeiro "Guia", Darth Vader, em cartaz em "Guerra nas Estrelas - Edição Especial", parecia convidar o leitor a explorar a ampla oferta de atrações das páginas seguintes.
O suplemento inaugurou o formato de bolso entre os jornais do país e virou o companheiro de aventuras de quem ama explorar a efervescente agenda cultural da cidade.
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De lá para cá, muita coisa mudou, mas o "Guia" continua sendo um produto do seu tempo. Se no começo, fanfarrão como os anos 1990, ele trazia roteiros de motéis e até de cinemas pornôs, hoje destaca a seção "Mural", com o melhor da programação na periferia apresentado por correspondentes locais, e o quadro "Veg", com destaques vegetarianos e veganos em cozinhas e bares paulistanos.
Além da agenda da semana, o "Guia" hoje também busca mapear regiões (como a democrática rua Augusta), avaliar equipamentos culturais (a exemplo do serviço das casas de shows) e captar tendências de cultura e comportamento (como a onda de artistas que discutem a questão de gênero na música). Atividades nas ruas e parques, foco de um movimento global de cultura acessível cada vez mais presente em São Paulo, também se espalham mais por estas páginas.
Para além de fazer "o roteiro mais completo de São Paulo", o caderno passou a apostar em curadoria, facilitando a navegação nesse mundo de eventos que a cidade oferece. Críticas de cinema, de restaurantes e de teatro infantil buscam ajudar o leitor a fazer escolhas mais certeiras.
Por outro lado, em duas décadas não mudaram o minucioso serviço de checagem de informações do Datafolha, o polêmico quadro de cinema —seção mais longeva do "Guia", que leitores amam odiar— e a vocação de levar ao público os eventos que ele procura e surpreendê-lo com atrações que nem imaginava existir.
Para comemorar 20 anos, o "Guia" busca reverenciar o passado (com curiosidades de sua história e um "revival" da seção "Tribos"), celebrar o presente (reunindo atrações que nasceram em 1997 e resistiram ao teste do tempo e comparando preços desses 20 anos —será que a cidade está tão cara?) e lançar um olhar sobre o futuro da cena cultural paulistana.
Comemore com a gente, escolha seu programa e vá para a rua com o "Guia" no bolso ou na bolsa, no computador ou no celular. Não tem presente melhor.
TÚNEL DO TEMPO
A vida cultural impressa no "Guia Folha" no longínquo ano de 1997
> Salas que exibiam filmes pornô eram listadas nos roteiros de cinema até 1998
> Para o Dia dos Namorados de 1997, o "Guia" preparou um roteiro de motéis, com 18 endereços, destacando o que há de melhor em cada um deles
> Quando ainda era moda dividir pessoas em tribos, o "Guia" tinha uma seção com programas casadinhos para diferentes públicos, ilustrados com personagens de Angeli; nesta edição, a ideia volta com o traço de Caco Galhardo
> As primeiras edições do "Guia" indicavam um roteiro de esportes, com dicas de onde andar de kart, jogar boliche, patinar ou aprender parapente
> A reportagem de capa de 25/7/1997 apresentou os pratos mais caros da cidade entre 300 restaurantes. O campeão foi o camarão à champanhe, do La Tambouille: cinco camarões graúdos com 25 g de caviar russo, cogumelos e uma xícara de champanhe. Custava R$ 65 (caríssimo, disse o gerente) à época, ou R$ 220, em valores corrigidos pela inflação; hoje, um prato similar na casa leva quatro camarões cozidos com molho de champanhe, caviar espanhol e espaguete —e custa R$ 198
> "O cartão de crédito é cada vez mais moeda recorrente nos restaurantes", era a novidade anunciada em reportagem de 12/9/1997. À época, 85% das casas que apareciam no "Guia" aceitavam alguma das cinco bandeiras de cartão disponíveis —um "mal necessário", definiu um gerente ouvido na matéria
> A popularização do salmão foi destaque naquele ano. "Antes chique e caríssimo, o salmão fresco se tornou tão barato que vai se popularizando", escreveu o crítico Josimar Melo em texto sobre festivais que tinham o peixe como principal atração
> Entre as modas gastronômicas reveladas pelo "Guia" em 1997 estavam os pizza-bares, como o Estação Vila-Bar, na Vila Madalena, e as microcervejarias, como a Dado Bier, no Itaim Bibi
> "Pequenas casas de show" inauguradas em 1997 despontavam na programação da cidade com shows de novos talentos da MPB e foram destaque no "Guia". Entre elas, o Avenida Club, em Pinheiros, no imóvel onde hoje funciona o Estúdio
> Homenagear os EUA era "cool" e, para o Réveillon, o "Guia" destacou a festa da casa Limelight, com "réplica enorme da estátua da Liberdade, balões com a bandeira americana e neve na pista na hora H". Na Paulista, as atrações foram Só Pra Contrariar, Araketu e Katinguelê
> A "danceteria" Provisório, do empresário da noite Ricardo Amaral, trazia na carta de drinques o Canguru Perneta com Jack Daniels, cerveja, suco de abacaxi e coco. O nome fazia referência a uma posição sexual citada no seriado "Sai de Baixo"
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