BARREIRAS (bom)
(Barrage)
DIREÇÃO Laura Schroeder
PRODUÇÃO Luxemburgo/Bélgica, 2017. 110 min. 12 anos.
ELENCO Lolita Chammah, Thémis Pauwels e Isabelle Huppert
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A presença de Isabelle Huppert não salva "Barreiras" do marasmo. Tampouco garante fogos de artifício. O longa-metragem de Laura Schroeder salva-se por tiradas que parecem grandiosas no roteiro, mas que são apenas satisfatórias na tela.
Catherine (Lolita Chammah) abandonou a filha, Alba (Themis Pauwels), que foi criada pela avó (Elisabeth, vivida por Huppert). Elisabeth sempre teve uma relação conturbada com a filha e com o próprio pai. Catherine quer agora se reaproximar da garota.
São três tipos de abandono, que se misturam: Catherine, Alba e Elisabeth. Fosse "Barreiras" um livro, poderia ter mais de 500 páginas, misturando passado e presente sobre as gerações da mesma família. Não é à toa que se percebe a mão pesada da romancista Marie Nimier, que divide o roteiro com Schroeder.
Como filme, a tarefa de transformar essa massa de informações complexas requer habilidade visual. Schroeder garante isso na cena de um baile na casa de campo de Elisabeth –uma alucinação de Catherine. Mesmo coadjuvando, Huppert contracena com Chammah –sua filha, na vida real– e traz aqui o lampejo da frieza que a tornou conhecida. "A Professora de Piano", de Michael Haneke, é uma de suas apoteoses.
Está claro em "Barreiras" o suporte de músicas, que suavizam o contato desastrado de Catherine com Alba. Catherine é frágil, alguém que não internalizou a maternidade e troca os pés pelas mãos. O tempo todo. Os versos cantados por ela servem de muleta (explícita) para o que precisa dizer.
Uma descida de Alba pelo rio, em uma canoa, lembra a Ofélia pré-rafaelita de John Everett Millais, e ficamos na torcida para que o pior não aconteça. Ponto positivo, a personagem de Alba deixa claro que o mal-estar também bate ponto no mundo infantil. Crianças não são apenas anjos felizes, colhendo flores e amoras pelo meio do caminho.
"Barreiras" promete contar uma história dentro da outra, com tantas camadas que não consegue dar conta de todas. Deveria ter diminuído as expectativas, queimado a gordura e poderia ser muito bom. Noves fora, é bom. Pré-candidato de Luxemburgo ao Oscar 2018, acaba sendo a tentativa esforçada de transmitir uma mensagem difícil: o quanto de desamor existe no amor. Mesmo entre mães e filhos.
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