É ousado e danadinho, diz Otto sobre novo disco que lança em SP

O cantor e compositor Otto se apresenta nesta sexta-feira (dia 12) na praça Victor Civita (zona oeste de São Paulo), às 18h. O show, gratuito, marca o lançamento do seu sexto disco, "The Moon 1111".

Crédito: Caroline Bittencourt/Divulgação Otto (foto) lança novo disco, "The Moon 1111", na sexta (dia 12) na praça Victor Civita (zona oeste de SP)
Otto (foto) lança novo disco, "The Moon 1111", na sexta (dia 12) na praça Victor Civita (zona oeste de São Paulo)

Lidando com novas referências, como o rock psicodélico, e transitando por entre canções que abraçam a melodia em (leve) detrimento do ritmo que lhe é peculiar, o pernambucano dá novas cores a um currículo musical vasto.

É o caso de "Ela Falava", o primeiro single do disco divulgado no site do Natura Musical, responsável pela produção executiva do trabalho.

Otto despontou como percussionista do grupo Nação Zumbi. Lançou-se solo em 1998, com o álbum "Samba pra Burro".

Em 2009, lançou "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos", um disco denso e recheado de referências autobiográficas. Em uma comparação rasa, seu novo trabalho soa bastante mais leve e colorido.

Prolífico, Otto já pensa no próximo trabalho --que, segundo diz, deverá se chamar "Ottomatopeia". Enquanto isso, filosofa sobre os caminhos de sua produção musical: "Sinto-me atemporal, como lama... que suja mas não é suja."

Confira, a seguir, a conversa do "Guia" com o cantor.


Guia Folha - O disco anterior, "Certa Manhã Acordei...", soava denso e denotava um ambiente melancólico. Como foi, em comparação, o processo de criação do novo álbum?
Otto - Este [álbum] tem uma criação mais livre, um quê de liberdade acentuada. Tive o prazer de ser agraciado pelo edital Natura Música, que fez toda uma diferença, [permitiu que] a logística pudesse ser alterada. Eu propus a Pupilo [baterista e produtor deste e de quase todos os álbuns de Otto] --com quem divido minha música, minha vida!-- um disco de experiência e ousadia. Um disco de temperamento agressivo, com referências a Fela Kuti e Pink Floyd. Tudo o que pensei se reuniu. Uma banda com Pupilo, Fernando Catatau, Kassin, Lincoln Olivetti. O que poderia dar errado? Gosto de discos que toquem as pessoas. Uma música densa, viva, contemporânea, que seja espacial e verdadeira. Talvez o disco que eu mais gostei de fazer! Liberto, ousado, danadinho!

Sua divulgação fala em "mergulho psicodélico", e o primeiro som divulgado soa ligado a um "dream pop" próximo do indie. Como você define seu novo disco?
O tempo sabe escolher os velhos entre os novos e os novos entre os velhos. Sou um oitentista. Acho que que o disco traz melodias adultas para jovens ouvidos. Um disco arrasador diante das minhas possibilidades, e que vai me levar ao "OTTOMATOPEIA", meu próximo álbum! Sinto a mesma coisa que senti quando ouvi The Cure, Depeche Mode, Smiths e o disco "The Wall", do Pink Floyd. Aquela coisa "tecno pop". Sinto-me atemporal, como lama... que suja mas não é suja.

O que te instiga liricamente? Você se considera um escritor introspectivo ou extrovertido?
Sou aclimatado, sinto as entranhas do meu corpo e as do mundo. Um solitário homem que escreve sobre seus milhares de pensamentos. Não presto atenção em muita coisa, não escuto muito os outros, mas sei que meu egoísmo morre diante de uma folha ou de uma tela. Uma obra me faz chorar antes até de lê-la. Considero-me um ser que escreve e tenta melhorar nesta infinita aula do tempo. Entre o introspectivo e o extrovertido, sou flex. Como se as coisas fossem simplesmente sentidas.

Que participações trouxe para o novo trabalho e quem está no topo da sua lista de colaborações que gostaria de realizar?
Lirinha, este amigo e poeta genial, que me fez uma poesia linda, deslumbrante! Fábio Trummer, amigo e rei dos hits, a quem pedi de uma forma lírica que cantasse como um "crooner". Luê Soares, que cantou tão lindamente "Selvagens Olhos Negros", e Tainá Müller, que representa a minha homenagem ao cinema francês de Truffaut. Canta maravilhosamente, além de ser uma das mais belas atrizes brasileira. Quero e vou trabalhar com Siba uma hora destas. O disco dele está sensacional.

O que tem ouvido de novo? E de velho?
Velhos e novos em música não há! Siba, Lirinha, Junio Barreto, Botika --vocalista do Os Outros---, Criolo, Miles Davis, Depeche Mode, Talking Heads, Seu Jorge, Emicida, Céu, Tulipa Ruiz.

Você se liga em política? Tem alguma opinião sobre as eleições em SP?
Acho que São Paulo prega uns sustos às vezes, mas estou feliz por este segundo turno. Gosto muito de minha amiga Soninha. Mas... Mas o que mais amo em política brasileira é nosso compromisso fiel com a democracia. Tanto Serra quanto Haddad têm condições de fazer boa política. Adoro nossos avanços sociais, tenho grande admiração por Lula e pela presidenta Dilma. O caminho é longo, mas o povo brasileiro está preparado a defender a nossa liberdade. Por isso, otimismo e igualdade social sempre.

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