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Paramount+ completa seis meses no Brasil ainda com catálogo pobre e erros técnicos

Sem filmes e séries de destaque, plataforma de streaming acerta em shows da MTV e reality shows

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Faz seis meses que o Paramount+ aterrissou no Brasil. Apesar do barulho de quando foi lançado por aqui, em março deste ano, o serviço de streaming estreou com pouca variedade de títulos e de produções originais e sem muito apelo para enfrentar gigantes como a Disney, que hoje controla duas plataformas no país, e a Netflix, por exemplo.

Normal para uma estreia. Mas, de lá para cá, pouco mudou no Paramount+.

Os problemas começam já na página inicial, onde é preciso navegar bastante até achar um título que brilhe aos olhos. No dia em que a reportagem testou a plataforma, o principal destaque do carrossel “filmes em alta”, por exemplo, era “Um Lugar Silencioso” —mas o primeiro da franquia, de 2018. Ainda não há previsão para que a continuação do longa, este sim um filme em alta que foi lançado nos cinemas neste ano, apareça por lá.

Se a ideia não é confiar no que a plataforma destaca, o sistema de busca tampouco ajuda muito. Palavras-chave como “amor”, “amizade”, “Oscar” e “LGBT” não dão resultados. O mesmo ocorre em pesquisas por nome de atores e atrizes. O serviço só encontra filmes e séries se você escrever termos que constam nos títulos, algo que já foi superado há muito pela tecnologia dos concorrentes. Na Netflix, por exemplo, é possível navegar até por hiperlinks agregados à página de exibição das produções, sendo possível clicar no nome dos atores, dos diretores e até em opções sugeridas, como "suspenses na TV".

Recheado de títulos da Paramount, é claro, mas também de Showtime, Nickelodeon, Nick Jr., Central Comedy, MTV e Smithsonian, o serviço tem como principal chamariz a quarta temporada de “The Handmaid’s Tale”, série que já pipocou por outros streamings, passou pela Globoplay, mas que agora está completa no Paramount+.

Apesar de ter sido esnobada no Emmy deste ano, que ocorreu no domingo (19), o seriado baseado no livro de Margaret Atwood é o mais chamativo da plataforma. Um documentário sobre a escritora, que disse acreditar no impeachment de Jair Bolsonaro em entrevista à Folha, também está disponível por lá. ​

De resto, o catálogo busca apelar para a nostalgia, recordando obras como “Twin Peaks”, “Forrest Gump” e “E.T. O Extraterrestre”. A série “Todo Mundo Odeia o Chris”, que passou exaustivamente na Record, também pode ser vista completa, bem como os filmes de “Stuart Little”, clássicos da Sessão da Tarde. Para quem era criança nos anos 2000, uma dica é apostar nas 12 temporadas de “Bob Esponja”. E, para os nascidos nos anos 90, uma versão repaginada de "Rugrats: Os Anjinhos" pode despertar memórias da infância.

A esponja do mar, aliás, ganhou uma nova produção original no serviço, chamada “Kamp Coral: Bob Esponja, Primeiros Anos”. Os capítulos mostram o personagem na infância, em um acampamento com Patrick e outros amigos da Fenda do Biquíni.

Outra das fissuras infantojuvenis recentes da Nick, "iCarly" também ganhou uma nova versão no Paramount+, com episódios mostrando os personagens dez anos depois. Na sessão de originais e exclusivos, há ainda as séries “Strange Angel”, “Two Weeks to Live” e “Yellowstone”, que não fizeram muito barulho.

O seriado 'iCarly' ganhou uma nova versão no Paramount+ - Nickelodeon

Mas maratonistas de séries vão sofrer um pouco com o Paramount+, já que ainda não foi criada uma área que reúne aquilo que o assinante começou a ver, mas ainda não terminou. Se quiser parar no meio de determinado episódio e vê-lo mais tarde, por exemplo, é preciso acessar o streaming com caderninho e caneta ao lado para anotar o minuto exato em que ele foi pausado. Fora isso, a plataforma não facilita a vida iniciando o próximo capítulo assim que o anterior acaba —a mudança deve ser feita manualmente, caso não deseje encarar os créditos finais.

Além disso, muitos dos títulos estão disponíveis em outros streamings. São os casos da série “For Life” e do filme “Chorão Marginal Alado”, sobre o vocalista da banda Charlie Brown Jr., que estão na Netflix. Também de “Shrek”, “As Branquelas”, "Bastardos Inglórios", “A Chegada”, entre outros. Por outro lado, há produções distribuídas pela própria Paramount que não estão no streaming, como a franquia “Transformers”, que está completa na HBO Max.

Se filmes e séries não mostram a que vieram, os reality shows são um prato cheio. As opções incluem “De Férias com o Ex”, “Catfish”, “Adotada” e as temporadas de “Shore” gravadas em Acapulco, Floribama e Jersey. Uma novidade é que a versão brasileira do programa, chamada “Rio Shore”, será lançada em 30 de setembro.

O mesmo vale para a música. É possível passar algumas horas assistindo a shows completos, como as apresentações acústicas da MTV de artistas como BTS, Miley Cyrus e Tiago Iorc, além dos clássicos de Pearl Jam e do Nirvana.

Elenco de 'Rio Shore', reality show que estreia em 30 de setembro no Paramount+ - Divulgação/ MTV

Voltando à parte técnica, a reprodução dos vídeos apresenta alguns problemas de processamento em alta qualidade —e não há o que fazer, a única opção é esperar que a plataforma se resolva sozinha e apresente a imagem com uma qualidade superior.

E se você é daqueles que divide as assinaturas de streaming entre amigos e família, saiba que a plataforma não permite a criação de diferentes perfis, o que impede o assinante de criar listas e ganhar recomendações personalizadas.

As legendas também apresentam falhas. Nos testes feitos, alguns textos mudaram automaticamente de português para espanhol ao iniciar o modo de tela cheia. Apesar de ser possível ajustar nas configurações a cor e o tamanho das letras, o texto fica sempre alinhado à esquerda —e não centralizado, como é mais comum no streaming e nos cinemas, gerando certo desconforto na leitura.

Para tentar seduzir o público brasileiro, o Paramount+ vem apostando no preço. O streaming pode ser assinado por R$ 19,90 mensais ou num pacote anual que custa R$ 199,90 —quem fizer a compra até 30 de setembro vai pagar R$ 99,90 pelos 12 meses. Para comparar, a HBO Max custa R$ 27,90 por mês, o novo Star+ sai por R$ 32,90 mensais e a Netflix cobra mensalidade de R$ 25,90, por exemplo.

Outra opção é assinar a plataforma dentro do Amazon Prime Video, numa aba chamada Channels. Por lá, o Paramount+ é cobrado à parte —custa R$ 9,50 nos três primeiros meses e, depois, sai a R$ 19,90 mensais, além da assinatura de R$ 9,90 da Amazon.

Logo da Paramount+, streaming que completa seis meses no Brasil - Folhapress