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Testamos o Star+, streaming da Disney para adultos; veja seus pontos fortes e fracos

Serviço tem pouco conteúdo original, mas exibe esportes ao vivo e filmes nostálgicos

Há um novo combatente em campo na guerra dos streamings no Brasil. O Star+, irmão mais novo do Disney+, chegou ao país nesta terça, dia 31, como a mais nova aposta da empresa do Mickey na disputa pela assinatura —e pela conta bancária— dos clientes.

Mas, ao contrário da plataforma irmã, o Star+ reúne títulos mais sangrentos e temática mais adulta —muito por causa da compra da Fox, que agora está sob o guarda-chuva da Disney e esparrama produções no novo serviço. Se o Disney+ aparentemente precisa carregar a imagem bem-comportada da empresa, cheia de personagens infantis e princesas, o Star+ concentra tudo o que foge desse universo certinho.

No campo do conteúdo para cinéfilos e maratonistas de séries, as produções originais e os lançamentos são escassos e deixam a desejar. O Star+ dá os primeiros passos como um parque de diversões para nostálgicos, que vão encontrar no serviço diversas produções da década de 1990 e dos anos 2000.

Fãs de “Os Simpsons”, por exemplo, podem ver as 32 temporadas da série. Outra família que aparece de casa nova é a dos personagens de “Family Guy”, seriado animado que por anos pipocou incompleto em diferentes plataformas.

O Star+ também parece ser o local certo para quem gosta de maratonar produções intermináveis. Todas as temporadas de “The Walking Dead” estão disponíveis no streaming, incluindo a 11ª, que vai finalizar a série —no Brasil, ela será exibida exclusivamente por lá. “Grey’s Anatomy” é outra que aparece no streaming, com 16 temporadas. As nove de “How I Met Your Mother” também podem ser vistas.

​Entre as produções originais, o destaque parece ser "Only Murders in the Building", série com uma Selena Gomez ensanguentada. Mas o Star+ ainda tem muito para caminhar nessa seara para se equiparar ao volume quase semanal de novos conteúdos produzidos pela Netflix, por exemplo.

Por outro lado, a parte esportiva põe o novo streaming à frente dos concorrentes. Apesar de o Amazon Prime Video e a HBO Max já terem dado os primeiros passos para seduzir o público que gosta de futebol, com transmissão de jogos, a aposta da Disney surge como o principal candidato nesse torneio. ​

No streaming da Amazon, por exemplo, quem quiser ver os jogos de futebol ao vivo dos canais Premiere precisa pagar um valor a mais. No Star+, o usuário tem à disposição pelo valor regular da assinatura programas e ligas esportivas transmitidas pelos canais de TV a cabo ESPN e Fox Sports.

Os principais campeonatos europeus, a Libertadores e programas de debate esportivos, como o SportsCenter, estão disponíveis na plataforma com dia e hora marcados para começar. A temporada da NBA, que tem início em 19 de outubro, já aparece com espaço reservado e identificado com o ícone da liga americana de basquete. Caso o assinante perca algum jogo, é possível ver depois numa aba chamada “Reprise” —o tempo em que ele fica disponível é limitado e depende da competição.

Há ainda esportes menos famosos no Brasil, como o campeonato de ciclismo espanhol, a liga mexicana de beisebol, o mundial de golfe e os jogos da NFL, sigla da liga de futebol americano.

Logo do serviço de streaming Star+, da Disney
Logo do serviço de streaming Star+, da Disney - Reprodução

Do ponto de vista técnico, o streaming chegou sem grandes problemas e com uma usabilidade intuitiva. A plataforma tem design elegante, os títulos estão organizados e são facilmente encontráveis —com algumas exceções pontuais.

Diferentemente da HBO Max, que parece ter esquecido a importância de uma legenda centralizada quando chegou ao Brasil, o Star+ não apresenta esse tipo de falha. É possível personalizar as letras, alterando cor, opacidade do fundo e tamanho. Outro ponto positivo é a troca de idiomas, que não faz o título travar, o que costuma acontecer na maioria dos streamings.

Quem usa a plataforma no computador tampouco encontra dificuldades. O aplicativo para TV apresentou alguns engasgos —mas nada que já não seja comum no Disney+. A reportagem também não teve instabilidades com o aplicativo para celular e tablet.

Mas há dificuldades. Os nomes do elenco e de quem participa da produção escolhida não são clicáveis nas sinopses e fichas técnicas, por exemplo, como ocorre em plataformas concorrentes. Essa função agiliza a navegação quando o objetivo é encontrar obras relacionadas ou outras produções dirigidas por aquele cineasta.

O campo de pesquisa também apresenta alguns problemas. Apesar da busca por “Shyamalan” ter sido efetiva, mostrando os títulos que se relacionam ao cineasta, buscar "Aretha Franklin” não serviu para encontrar “Genius”, série do Star+ que é uma das principais apostas do novo streaming, em que a cantora é interpretada por Cynthia Erivo. Além disso, procurar por “Cinquenta Tons de Cinza” funcionou em um dispositivo, mas em outro não.

Entre os filmes musicais, aliás, há boas notícias. “Bohemian Rhapsody”, sobre o Queen e Freddie Mercury, já pode ser visto por lá —o longa não estava no streaming brasileiro, apesar de ter vencido o Oscar de melhor ator, para Rami Malek, por sua interpretação de Mercury. “McCartney 3,2,1”, série documental sobre Paul McCartney, chega ao Star+ em setembro. Uma aba só de biografias destaca obras sobre personalidades para os fãs desse tipo de conteúdo.

Por outro lado, o catálogo de filmes e séries feitos no Brasil ainda é bastante limitado. A principal aposta por enquanto é “Impuros”, série sobre o tráfico de drogas na América Latina.

Fãs de super-heróis tampouco vão ter vida fácil no Star+ —a maior parte dos títulos da Marvel seguem exclusivamente no Disney+. O novo serviço tem apenas um dos filmes da saga dos X-Men, por exemplo. “Logan”, filme derradeiro do personagem dos quadrinhos da Marvel, surge perdido no catálogo e longe dos seus companheiros mutantes, que continuam apenas na plataforma mais familiar do Mickey.

O Star+ pode ser assinado por R$ 32,90 mensais. Também há um combo com o Disney+, que sai a R$ 45,90 —valores mais altos que os da concorrência, como Netflix (R$ 25,90), Amazon Prime (R$ 9,90) e HBO Max (R$ 19,90). Veja aqui as melhores plataformas de streaming disponíveis no país.

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