O cinema, assim como ocorreu com a fotografia, caminha para a digitalização total do processo, desde a captação, passando pela finalização, terminando na exibição. No meio do percurso surgem variadas alternativas, que são deixadas de lado. No meio desse caos digital, o DCP (Digital Cinema Package) desponta como padrão.
Cópias neste formato começaram a aparecer há cerca de quatro anos na Mostra de Cinema. Em 2011, foram 27 filmes no formato. Esta 36ª edição, que começa nesta sexta-feira (dia 19) e segue até 1º de novembro, conta com aproximadamente 70% de longas em formato DCP, incluindo os restaurados "Lawrence da Arábia", "Tubarão" e "Life and Death of Colonel Blimp". "Nosferatu", que encerra a maratona cinematográfica no Auditório Ibirapuera, será exibido em 35mm.
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O QUE É DCP
O DCP é como um arquivo de computador, só que ele segue normas de qualidade definidas pela SMPTE (Society of Motion Pictures and Television Engeniers), que atende a demanda da DCI (Digital Cinema Initiatives) ---empresa independente formada por sete grandes estúdios, dentre eles Warner Bros., Sony Pictures e Universal Studios--, para que o resultado final esteja no padrão de um filme em película. No que diz respeito à projeção, estipula-se um projetor de no mínimo 2k (duas mil linhas de resolução).
Não se deve confundir DCP com outros modos de cinema digital de empresas como Mobz e Auwe, que se utilizam de projeção em vídeo HD. Mas vale ressaltar que a qualidade final é resultado de todo o processo e não só da exibição. Filmes independentes, captados com equipamentos mais em conta, terão um resultado inferior.
Segundo José Francisco Neto, especialista em cinema digital da ABC (Associação Brasileira de Cinematografia), não existe projeto de implementação da tecnologia no país. O que há, no entanto, é a Recine, lei publicada no Diário Oficial da União no dia 24 de setembro, que prevê a isenção de alguns impostos para a compra de equipamentos, sejam eles para exibição digital ou não.
De acordo com Adhemar Oliveira, dono de complexos como Espaço Itaú de Cinema e Cine Livraria Cultura, espera-se que o incentivo reduza em até 70% o custo de implementação. Até agora a implementação da tecnologia necessária podia chegar a 400 mil reais por sala.
Para Adhemar, a projeção digital em DCP tende a ser tecnicamente mais perfeita do que a película, que pode ter pequenas partículas de sujeira e trepidar durante a projeção "A diferença é que no digital você perde esse 'respiro', fruto destas pequenas imperfeições da película. Mas isso não é necessariamente ruim, é só uma diferença que um olho técnico percebe".
OS PROBLEMAS NA EXIBIÇÃO
Mas essa tecnologia tem seus defeitos também. Para evitar a pirataria, o DCP possui um sistema de segurança rigoroso. O arquivo é criptografado e só pode ser lido após ser liberado por uma KDM (Key Delivery Message), que a rigor é uma extensa sequência numérica.
O problema é que é necessário uma KDM por sessão e, se ela tiver algum erro, o DCP continua bloqueado. Outra desvantagem é que, como qualquer arquivo digital, o DCP pode estar corrompido, e a projeção pode parar no meio da exibição do filme.
Testes são feitos antes da projeção, mas dado o grande número de filmes que a Mostra traz, a probabilidade de erros é maior. No Festival do Rio, encerrado dia 11 de outubro, algumas sessões foram interrompidas devido a problemas com DCP.
No ano passado a organização da Mostra alugou equipamento para reproduzir cópias DCP em cinemas que não tinham esta tecnologia, mas isso não evitou algumas dores de cabeça. Neste ano, esse procedimento não será feito. No site da Mostra é possível ver em que formato os filmes serão exibidos.
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