O premiado filme "O Lobo Atrás da Porta", com sessões concorridas na 37ª Mostra de Cinema de São Paulo, foi exibido num formato diferente do original nesta segunda-feira (28), no Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca (sala 5).
O diretor Fernando Coimbra diz que o projetor utilizado não era específico para DCP (Digital Cinema Package), considerado padrão internacional de cinema digital, e que também não era capaz de projetar Scope (que preenche completamente a tela). "Isso provoca ruídos na imagem, como pixels quadriculados e manchas coloridas", explica o cineasta.
Chamado para conversar brevemente com a plateia antes do início da sessão, Coimbra não disfarçou a insatisfação. Pediu desculpas e sugeriu que a Mostra tentasse marcar uma sessão extra por conta disso. "Seria uma forma gentil de compensar o erro", diz.
Procurada, a assessoria do evento disse que a sala de cinema não tinha a lente necessária para o formato Scope e que não está programada uma nova exibição do filme --apenas se ele for incluído na repescagem, cuja lista será divulgada quinta.
Sobre o fato de a sessão errada ter prejudicado a percepção do público, o diretor disse, em entrevista ao "Guia", que realmente essa mudança é significativa. "A razão de as pessoas irem ver um filme numa sala de cinema é que elas querem ter uma experiência diferente da que podem ter em suas casas. A alta definição e o tamanho da projeção interferem na forma como o espectador vivencia essa experiência."
SOBRE O FILME
"O Lobo Atrás da Porta", que deve entrar em cartaz em fevereiro ou março de 2014, foi escolhido o melhor filme de ficção no Festival do Rio 2013 e também ganhou o prêmio de melhor filme - horizontes latinos no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián 2013.
Perturbadora, a história é livremente inspirada em um caso conhecido como Fera da Penha e ocorrido em 1960. No filme, uma garotinha desaparece da escola. A mãe (Fabíula Nascimento) diz ao policial responsável pelo caso (Juliano Cazarré) que não tem ideia de quem poderia ter feito isso, se desespera e não consegue achar uma razão. O pai (Milhem Cortaz) já acusa, logo de primeira, uma mulher chamada Rosa (Leandra Leal). Sua amante.
A partir daí o público vê trechos da história do ponto de vista dele, da mulher e da acusada, sempre num clima de suspense que prende a atenção o tempo todo. E passa a entender mais desse enredo misterioso que envolve o triângulo amoroso.
As pessoas saem do cinema abaladas. Mas o diretor diz que a intenção não era "chocar por chocar". "Queria contar essa história brutal do ponto de vista mais humano possível, queria que as pessoas se identificassem com os personagens, que se sentissem muito próximas a eles."
"Acho que temos que aceitar esse lado mais brutal, instintivo e animal do ser humano, essa passionalidade. Isso foi minha motivação", completa Coimbra, que começou a trabalhar na ideia desse filme há 15 anos (ele também é o roteirista). "O Lobo Atrás da Porta" é seu primeiro longa.
23h00
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