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Um filme que começa com uma cena de muito impacto costuma criar a expectativa de algo ainda mais forte pela frente. Se nada ocorre, a sensação é de frustração. Esta é a limitação mais evidente de “Oh Lucy!”.
O primeiro longa da japonesa Atsuko Hiranayagi evoca aqueles personagens especiais em sua banalidade, que o cinema independente americano adotou uns 20 e tantos anos atrás, antes de ser ultrapassado pela percepção mais aguda dos dramas cotidianos feita pelas séries de TV.
Setsuko, a protagonista de “Oh Lucy”, é uma dessas pessoas como bilhões de nós, mais sozinha do que queria, amarrada a um emprego sem nenhuma graça e que perdeu o único namorado para a irmã traíra.
Estimulada pela sobrinha, Setsuko experimenta estudar inglês com um americano que usa o método heterodoxo de enormes abraços para desinibir os alunos. Nas aulas, ela ganha o nome de Lucy e, ao primeiro abraço, sente-se acolhida e atraída pelo professor bonitão.
A partir daí, o filme cria uma série de peripécias para dar à personagem o prazer da aventura, de se desvencilhar da vida ordinária e experimentar o inesperado.
Mas a transição do comum ao excepcional denuncia as fraturas do roteiro e mostra a pouca experiência da diretora para evitar que todas as mudanças de tom não transformem o filme em apenas uma colcha de retalhos.
Antes de ser um longa, “Oh Lucy” foi realizado como curta e, provavelmente, as boas ideias devem ter sido transpostas do formato original. No entanto, ao ganhar duração, o filme sofre uma diluição que torna muito desiguais os três momentos da personagem.
Se o trecho ambientado nos Estados Unidos concentra situações em que ela vira outra, seu desenvolvimento é frágil e sua eficácia depende demais das habilidades da atriz principal, Shinobu Terajima, enquanto os bons coadjuvantes cumprem a função de escada.
Só na primeira e na última parte, ambientadas no Japão, “Oh Lucy” alcança um equilíbrio entre grave e burlesco que falta ao miolo, deixando a impressão de um bom trabalho feito pela metade.
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