Neste fim de semana, a programação de São Paulo vai de festival gastronômico à exposição gratuita e circo. O dia começa com duas mostras: uma de fotografias do ex-presidente sul-africano, Nelson Mandela e outra de 150 peças produzidas por Alexander Calder e Joan Miró. O lanche é por conta do festival Smorgasburg Brasil, no sábado e domingo. Para jantar, um prato do Clandestina — restaurante reformulado da chef Bel Coelho — é um bom pedido. Ainda na noite, é possível curtir o espetáculo Circus Experience, na sexta e sábado.
Veja a seguir os destaques do fim de semana:
BEL COELHO FAZ COZINHA BRASILEIRA PESSOAL E ACESSÍVEL NO CLANDESTINA
O Clandestino, projeto da chef Bel Coelho pausado durante a pandemia, voltou diferente. Fechado em 2020, um dos principais endereços de cozinha brasileira da cidade agora se chama Clandestina, tem menu à la carte e não depende apenas de reserva, como antes.
O mais interessante dessa nova fase é que ingredientes brasileiros fora da cartilha básica (como uvaia) vão aparecendo no cardápio sem alarde e sem espantar um público que talvez não os conheça — e, por isso, talvez tivesse algum receio em prová-los.
Isso é feito de forma descontraída tanto no menu, que é baseado em porções para compartilhar, quanto no ambiente. A casa funciona no antigo ponto do Chef Vivi, dividida entre salão com bonitas janelas frontais e mesinhas na calçada, em uma rua tranquila da Vila Madalena, região oeste da capital paulista.
No menu descomplicado, mas interessante, estão por exemplo um crudo de carne, bem pedaçudo, servido com cogumelo yanomami e picles de melão (R$ 56). Outro exemplo é o tempurá de pimenta-de-cheiro com beijú e camarão com um molho picante que traz o azedinho da fruta amazônica bacuri (R$ 53). Lembra a delicadeza de uma flor de abóbora empanada e frita, mas oferece sabores mais potentes.
Outro sucesso do Clandestina em sua semana de estreia, segundo os garçons, é o guioza de pato com tucupi e azeite de pimentas brasileiras (R$ 53).
Entre as opções mais substanciosas, há barriga de porco glaceada com tucupi preto, feijão-manteiguinha e maxixe (R$ 84) e miniarroz de costela de gado curraleiro, nativo do país, com jiló frito na farinha de milho (R$ 86).
Se por acaso passar batido pelo repolho assado com missô de cacau e molho picante de castanha-de-caju (R$ 55), dê uma chance —e coma o molho com uma colher.
A sobremesa também segue o mesmo eixo dos pratos salgados: uma clássica torta de queijo, que traz perfume de baunilha do cerrado e calda de jabuticaba (R$ 39), está entre as alternativas.
A lista de vinhos segue a mesma preocupação em destacar o que é produzido no Brasil. Há, por exemplo, uma sidra da Vinícola Goes vinda de São Roque, interior de São Paulo, além de um laranja da Era dos Ventos (de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul) e o branco Ribolla Gialla (de Urubici, Santa Catarina).
Mesmo quem gosta de receitas clássicas de coquetéis vai se sentir tentado em experimentar versões autorais. Entre elas está o azulão, que leva scotch com chá mate, mel, lavanda, gengibre e uísque defumado (R$ 49).
De 2021 para cá, quando o Clandestino parou de funcionar, a chef Bel Coelho começou a se dedicar a outra casa, o Cuia. A mistura de café e restaurante foi aberta aos pés do Copan, no centro de São Paulo, no mesmo espaço da livraria Megafauna.
Ali, ela conseguiu trabalhar com insumos brasileiros em receitas servidas do café da manhã ao jantar, a exemplo do fitzgerald feito com espuma de jambu e pó de jabuticaba.
O Cuia teve sucesso em dar, de uma forma mais informal, continuidade ao trabalho que tornou o Clandestino conhecido. O projeto nasceu na casa de Bel Coelho e, depois, passou para um imóvel da Vila Madalena, perto do Beco do Batman, em que a chef servia menus periódicos orientados por temas como orixás e biomas do Brasil.
Agora, com o Clandestina, aberto há quase uma semana, a pesquisa volta a ter mais espaço para ocupar uma refeição mais longa —mas sem a duração de um menu-degustação, como antes.
Formada pelo Culinary Institute of America, em Nova York, Bel Coelho já trabalhou no El Celler de Can Roca, na Espanha, e, no Brasil, no D.O.M., de Alex Atala. Também comandou o restaurante Dui, que funcionou até 2013.
Clandestina
R. Girassol, 833, Vila Madalena, zona oeste, tel. (11) 97617-9154. Ter. a sex., das 19h às 23h. Sáb., das 12h às 16h e das 19h às 23h. Dom., das 12h30 às 17h. @clandestinarestaurante
COM GASTRONOMIA CRIATIVA, NOVA EDIÇÃO DO SMORGASBURG CHEGA AO PARQUE IBIRAPUERA
Conhecido por suas inovações culinárias, o festival Smorgasburg Brasil chega a São Paulo para sua 4ª edição, em 20 e 21 de julho, no Parque Ibirapuera, na região sul.
São mais de 300 novidades gastronômicas distribuídas em barracas e food trucks. Há, por exemplo, o surf’n turf de wagyu do Koburger: um hambúrguer feito com a carne da raça japonesa de boi acompanhado de cebola e camarões empanados (R$ 59). Outra opção é k-popó chicken, do Nash, feito com frango no molho de laranja e kimchi (R$ 45). Entre os doces, a pedida é o cannoli de ricota, servido com banana flambada na cachaça e caramelo de cumaru (R$ 18).
Também aparecem sucessos de edições anteriores, como o rámen burguer —lanche que troca o pão por macarrão.
Para beber, o público encontra uma seleção de vinhos naturais e de pequenos produtores e coquetéis autorais.
Smorgasburg Brasil
Parque Ibirapuera - av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Vila Mariana, região sul. Sáb. (20) e dom. (21), das 11h às 19h30. Entrada gratuita, com reserva de ingressos em sympla.com.br
CIRCUS EXPERIENCE
O espetáculo de circo chega a São Paulo neste fim de semana. Com duas sessões no Teatro J. Safra (R. Josef Kryss, 318, Barra Funda, região oeste), celebra o aniversário de dez anos da casa e conta com números de contorcionismo e acrobacias de alta complexidade, além de show de luzes. As apresentações serão realizadas na sexta-feira (19), às 21h, e no sábado (20), às 20h. Os ingressos estão à venda no site Eventim, com preços entre R$ 40 e R$ 80. É possível comprar presencialmente, sem cobrança da taxa de serviço.
MANDELA, ÍCONE MUNDIAL DE RECONCILIAÇÃO
Mandela, ícone mundial Nelson Mandela (1918- 2013), político sul-africano que ganhou o Nobel da Paz em 1993, é tema de uma exposição no Centro Cultural São Paulo (R. Vergueiro, 1.000, Liberdade, região central). Cerca de 50 painéis fotográficos, trazidos da África do Sul, destacam os aspectos menos conhecidos da vida do ex-presidente do país. Entre eles, estão um casamento arranjado, o gosto por corridas de longa distância e pela prática de boxe. A mostra gratuita fica em cartaz até dia 30 de agosto, de terça a sexta, das 10h às 20h; sábado e domingo das 10h às 18h.
ALEXANDER CALDER E JOAN MIRÓ
No Instituto Tomie Ohtake (r. Coropé, 88, Pinheiros, região oeste), a mostra apresenta a amizade entre o escultor norte-americano Alexander Calder (1898- 1976) e o pintor espanhol Joan Miró (1893-1983). A exposição apresenta mais de 150 peças, entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias e joias. Entre os destaques está a obra "Viúva Negra", de Calder. É um móbile de três metros feito com folhas pretas de metal que flutuam sobre o ar com a delicadeza de uma teia de aranha. Vai até 15 de setembro, de terça a domingo, das 11h às 19h.
Comentários
Ver todos os comentários