Cesaria Evora abre Virada Cultural com fogos e protesto

Já era noite quando a cantora cabo-verdiana Cesaria Evora entrou no palco montado na avenida São João, na região central de São Paulo, abrindo a Virada Cultural na cidade por volta das 18h25 deste sábado (26).

Para marcar o início do evento na cidade, que deve reunir cerca de 5.000 artistas por 24 horas ininterruptas em diversas regiões da capital paulista, uma queima de fogos chamou a atenção do público que já era numeroso mesmo antes do show começar.

Irritado com as pessoas que tomavam a área à frente do palco, um pequeno grupo encostado na grade que dividia a área comum da área reservada protestava pedindo que os da frente abaixassem para não atrapalhar a visão do palco.

No entanto, o protesto foi logo abafado pelas primeiras músicas de Evora, que começou o show com o ritmo conhecido como coladeira --algo próximo dos ritmos caribenhos.

Mesclando músicas no ritmo dançante com a morna --uma espécie de fado crioulo-português--, Evora demonstrou que ainda é capaz de emocionar o público com a sua voz marcante e dramática.

Mais conhecida em países como a França, muitos fãs brasileiros da cantora aproveitaram a atração internacional da Virada Cultural para ver de perto a "diva dos pés descalço" --como Evora é conhecida por se apresentar sem calçados.

"Fui casada com um francês que era muito fã dela, então desde aquela época eu gosto da Cesaria Evora e não podia perder o show", conta Salete Martins, que trabalha com turismo e chegou cedo para garantir um lugar próximo ao palco.

Com a programação da Virada Cultural na mão, o ator Giuliano Barros era outro entusiasta de Evora. Apesar de ter chegado com o show já iniciado, Barros disse gostar da cantora e que, após o show, ainda iria tentar acompanhar as outras apresentações do evento. "Quero ver algumas peças teatrais. Daqui devo ir para o espaço Espaço Satyros [na praça Roosevelt]."

Durante a apresentação, a reação do público não pareceu comover Cesaria, que mesmo cantando ritmos dançantes mostrava-se impassível no centro do palco.

A animação ficou por conta do violinista cubano da banda --apresentado por Cesaria como Julian. Foi ele quem retirou do chão a bandeira de Cabo Verde lançado pelo público que, aos pés de Cesária, continuaria ali se fosse depender da cantora.

Por volta das 19h30, Cesaria saiu do palco, voltando logo em seguida para um "bis" de apenas uma música e encerrar o show com um simples "obrigado".

Virada Cultural

Na edição deste ano, o evento praticamente dobrou de tamanho. São 26 palcos --contra 13 do ano passado-- 24 deles, com programação nas 24 horas de evento.

Na programação estão 5.000 artistas, em 800 atrações incluindo música, dança, teatro, circo, cinema e todo tipo de intervenção cultural. Museus e planetário estarão funcionando em horário especial.

Além do centro, o evento se estenderá pelas unidades do CEU e do Sesc espalhados pela cidade.

Segurança e transporte

A expectativa de público é superior a 3 milhões de visitantes --número de pessoas que passaram pelo evento em 2007. Para garantir a segurança do público estarão nas ruas mais de 100 brigadistas e 1.200 seguranças privados, além de policiais. Postos de policiamento, 2 km de grades, 30 ambulâncias e 350 banheiros públicos estarão a disposição dos visitantes.

O investimento da prefeitura na Virada Cultural deste ano foi de 6,8 milhões. 'A cultura é nossa prioridade. Com relação à segurança, a cada ano o objetivo é utilizar a experiência do ano anterior para diminuir o número de problemas durante o evento', afirmou o prefeito Gilberto Kassab.

Para facilitar o transporte, o metrô e os trens da CPTM estarão funcionando 24 horas por dia. Rotas alternativas de trânsito serão montadas e os estabelecimentos comerciais ficarão abertos para garantir a alimentação dos visitantes.

A programação completa e outras informações sobre o evento estão disponíveis no site www.viradacultural.org.

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