Balaclava Records, selo que traz para o Brasil bandas que quase ninguém conhece, faz 10 anos

Selo que movimenta cena alternativa nacional faz festival de música neste domingo, 11, em SP

São Paulo

De uma banda nasceram um selo musical, um festival, uma revista, uma loja online, uma plataforma de lançamentos para artistas e, agora, um bar que também é casa de shows.

Essa é a história resumida da Balaclava Records, que completa sua primeira década como um dos principais motores da música independente brasileira, além de ser responsável por trazer para o país bandas alternativas que ninguém parece conhecer, mas conhece sim.

Banda indie pop canadense Alvvays, que faz show na edição de 2022 do Balaclava Fest
Banda indie pop canadense Alvvays, que faz show na edição de 2022 do Balaclava Fest - Divulgação

Os aniversário é comemorados neste domingo, 11, com uma nova edição do Balaclava Fest, no Tokio Marine Hall, na zona sul de São Paulo. O lineup traz o indie folk dos norte-americanos do Fleet Foxes, o indie pop canadense do Alvvays e o indie rock dos americanos do Crumb na companhia dos brasileiros Pluma, Jennifer Souza, Ombu e Bruno Berle.

À frente do festival, do selo e de todas as suas ramificações estão Fernando Dotta e Rafael Farah, amigos desde a formação da banda Single Parents. Quando quiseram lançar seu primeiro disco, ''Unrest'', em 2012, decidiram não só fazer tudo com as próprias mãos, como também se juntar com outros grupos com os quais tinham afinidade para fomentar uma cena alternativa. Assim nascia a Balaclava Records.

Depois começaram a trazer bandas gringas para o Brasil e colocar os artistas do selo para assumir a abertura das apresentações. Era uma forma de fazer o nome da Balaclava circular e, ao mesmo tempo, levar outros músicos em começo de carreira a palcos onde não estariam normalmente.

A primeira edição do festival, em 2015, teve shows de Mac McCaughan, do Superchunk, e da banda paulista Shed. Depois ainda viriam nomes como Mac DeMarco, Slowdive, Warpaint, Kelela, sempre acompanhados de grupos da cena nacional como Terno Rei e E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante.

"Na primeira edição a gente viu o quanto isso ajudava a fomentar e dar destaque para as bandas que a gente estava trabalhando no selo Balaclava. E a coisa sempre foi muito orgânica. A gente foi vendo o que fazia sentido e abrindo mais frentes", diz Farah.

Mac DeMarco em show da segunda edição do Balaclava Fest
O músico Mac DeMarco em show da segunda edição do Balaclava Fest - Pedro Galiza/Divulgação

A inspiração para a articulação, segundo Dotta, veio da operação de selos gringos que também exploram outras frentes. A Merge Records, por exemplo, criou um livro e um documentário, e a Captured Tracks montou seu próprio festival.

"A gente sempre teve essa pegada de ter a marca associada a um filtro de música, uma curadoria e uma chancela, que é o que a gente via nesses outros selos", explica Farah. "E então a gente movimentava não só lançamentos, mas também festas, shows e outras coisas que dessem uma cara para a Balaclava."

Hoje, a cara da marca combina a união de referências da dupla de sócios, como já era no início do selo, e também uma expansão para o que eles consideram de mais refrescante na música. O portfólio ainda mantém o pezinho no indie e seus derivados, representado por bandas como Terno Rei, Apeles e Meneio, mas também tem espaço para brasilidades, com nomes como Bebé, Jadsa e Giovani Cidreira —e o que mais eles acharem interessante.

"A gente sempre pirou nessa ideia de colocar artistas de sonoridades diferentes para estarem juntos numa mesma noite. Eu acho que vem daí essa pluralidade que dá uma travada na cabeça da galera, mas que, ao mesmo tempo, instiga a conhecer coisas novas", diz Dotta.

Os braços mais recentes da Balaclava são o projeto Radar Balaclava, criado na pandemia para lançar singles pontuais de bandas que ainda não assinaram com gravadoras, e o Bar Alto, espaço de shows e festas na Vila Madalena feito em parceria com os responsáveis pelo Popload e Grupo Tokyo, inaugurado na quinta, 8. É mais que um espaço físico para o projeto de Farah e Dotta: é o palco que eles buscaram há dez anos, quando fundaram a Balaclava.

Balaclava Fest

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