Minoru Shibuya (1907-1980) é um dos cineastas inexplicavelmente abandonados pela história. Quando mencionado em algum livro sobre o cinema japonês, algo raro de acontecer, é alvo de comentário pejorativo. Certamente ele não está à altura de grandes diretores japoneses como Yasujiro Ozu, Kenji Mizoguchi ou Akira Kurosawa. Ainda assim, o desprezo em relação à sua obra é no mínimo injusto.
Entre o melodrama e a comédia, Shibuya realizou mais de 40 filmes. A 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo vai exibir sete deles, concentrados entre 1952, ano de "O Dia de Folga do Médico", e 1965, quando realizou "O Rabanete e a Cenoura", seu penúltimo longa-metragem.
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Shibuya começou a sua carreira na Shochiku, uma das maiores produtoras do Japão, na década de 1930. Foi assistente de Ozu, de Mikio Naruse e, principalmente, de Heinosuke Gosho, até estrear na direção em 1937. Com esses três diretores aprendeu a filmar o drama de pessoas comuns, uma especialidade da Shochiku na época.
É justamente no registro do melodrama familiar que Shibuya se destaca, como podemos ver nos dois melhores filmes da retrospectiva: "Retidão" (1957) e "Os Passarinhos" (1961). Ambos contêm cenas tocantes das relações entre mães e filhos, com espaço para a invasão de momentos cômicos inusitados.
Merece destaque também o belíssimo "O Rabanete e a Cenoura", filme que Ozu realizaria antes de morrer, em 1963. Shibuya assumiu a produção com dignidade, traduzindo o mundo de Ozu para o seu próprio, charmoso de uma outra maneira. É um diretor a ser conhecido.
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