O Jeremias de "Faroeste Caboclo" é um playboy que tem tudo na vida, sempre de nariz empinado e que passa por cima de qualquer um para conseguir o que quer, além de um traficante temido e atrevido que faz o que for preciso para manter sua fama de mau.
O ator Felipe Abib, que interpreta o vilão no filme, diz que num primeiro momento achou que não combinasse muito com a personagem, porque "pensou que ele teria uma cara mais dura e um perfil mais violento". Ele nunca tinha feito algo assim. Mas seu Jeremias ganhou ares psicóticos e lunáticos, cabelo meio comprido e bigode, e se transformou em um vilão que pode facilmente ser uma figura real. "Como aqueles meninos que tacaram fogo no índio", compara.
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A construção dos aspectos psicológicos foi feita com a ajuda do preparador de elenco Sergio Penna, que trabalhou em produções como "Bicho de Sete Cabeças" e "Carandiru". "De uma maneira muito sensível a gente construiu um cara preconceituoso e escroto, que transita pelo submundo, sem ir além do que tem que ser", diz Abib.
"Scarface" e "Laranja Mecânica" ("vi várias vezes") foram alguns dos filmes que serviram como base para a criação do personagem, e o Coringa de Heath Ledger, em "Batman: O Cavaleiro das Trevas" (2008), também foi uma boa inspiração.
"Faroeste Caboclo", inspirado na música homônima do Legião Urbana, estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas. A direção é de René Sampaio, com Isis Valverde e Fabricio Boliveira no elenco. O filme teve orçamento de R$ 10 milhões e será exibido em 400 salas do Brasil.
PICHOU SUA CASA E COLOU FOTOS ERÓTICAS
Felipe Abib quis entender como um rapaz rebelde e de classe alta, como Jeremias, pode se tornar alguém enlouquecido e capaz de cometer as piores maldades. Quis viver o dia a dia de alguém assim, e, ao mesmo tempo, mergulhar na história de Brasília dos anos 1980.
Usou sua casa no Rio de Janeiro --que ia ser reformada-- como laboratório. "Tinha saco de boxe na sala e minha cozinha virou a Ceilândia [periferia retratada na história]", conta o ator, que também utilizava um projetor para assistir a longas-metragens da época e filmes pornôs.
Pichou sua casa e preencheu as paredes com fotos de mulheres peladas (incluindo da Maria Lúcia, por quem é obcecado no filme), haikais, trechos de livros e poemas com referências a Jeremias, tudo pra trazer esse clima do filme pra sua própria vida.
E promovia festas de trabalho por lá, com a presença, claro, de João de Santo Cristo (Fabrício Boliveira) e Maria Lúcia (Isis Valverde).
No som, muito Led Zeppelin, Sex Pistols e outros ícones do movimento punk, além de Raimundos e Plebe Rude. Também visitou boates de luxo para ver de perto quem frequenta esse tipo de lugar, do que gostam e como agem os jovens riquinhos.
Em "Faroeste Caboclo", ele é um viciado em cocaína, mora em uma mansão e conta com a ajuda e a parceria de um policial (interpretado por Antonio Calloni) para se safar dos crimes.
NA TV E NO TEATRO
Atualmente, Felipe Abib está em cartaz nos cinemas com a comédia "Vai que Dá Certo" (ao lado de Fabio Porchat, Bruno Mazzeo, Danton Mello e Lucio Mauro Filho) e também na série "Tapas & Beijos", da TV Globo (com Fernanda Torres e Andréa Beltrão).
Sua peça "Maravilhoso", que estreou este ano no Festival de Curitiba, chega sábado (dia 1º/6) ao Sesc Belenzinho (zona leste de São Paulo) --e ele já está ensaiando outra chamada "Philodendros", uma mistura de teatro e dança, que também conta com Fabrício Boliveira no elenco e deve estrear no fim de junho no Rio de Janeiro.
O ator, de 30 anos, já participou dos espetáculos "Cachorro!" (que percorreu mais de 50 cidades) e "Pterodátilos" (com Marco Nanini), entre outros. Ele também estrela os comerciais da Bradesco Seguros, aqueles do bordão "Vai que...".
18h07
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