Quem se apaixonou pelos amores impossíveis narrados como labirintos no tempo pelo chinês Wong Kar Wai pode ter dificuldades para embarcar em "O Grande Mestre", seu novo longa.
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O filme segue, no tradicional estilo lacunar de Wong, o percurso de Ip Man, mestre de kung fu que, entre outros menos célebres, foi professor de Bruce Lee.
O maneirismo visual, uma das marcas autorais do cineasta, aparece logo na cena de abertura, um assombroso enfrentamento sob a chuva. Tony Leung, ator fetiche de Wong, interpreta o personagem central, que encarna as virtudes do norte da China. A lindona Zhang Ziyi vive Gong Er, uma lutadora apta a desafiar o mestre com habilidades secretas aprendidas no sul do país asiático.
O confronto dos dois dispara ao mesmo tempo o desejo numa luta filmada como se fosse um proibido embate amoroso. Essa dinâmica, em que se confundem oposição e sedução, dá base à estrutura do filme, que retrata a divisão política que cindiu a China a partir dos anos 1930.
Como sempre, Wong prefere uma narrativa em fragmentos, que pode parecer confusa. Porém, a preferência do cineasta por imagens em câmera lenta se traduz na tela como uma beleza de outra ordem, que convence até os leigos de que as artes marciais são mesmo uma forma de arte.
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