O chamado filme de Natal tem uma matriz nobre: "A Felicidade Não se Compra" (1946), o clássico de Frank Capra em que James Stewart faz um homem que é salvo do suicídio por um anjo que lhe mostra seu valor.
Com o passar do tempo, esse subgênero perdeu importância e pediu refúgio na TV, em produções modestas, com atores que já viveram momentos melhores na carreira.
O motivo talvez seja a essência sentimental de sua indefectível mensagem (inadequada a um mundo progressivamente cínico): às vésperas do aniversário de Jesus, pessoa/grupo descrente tem uma epifania e volta a acreditar.
"Beleza Oculta" (lançado nos EUA em dezembro) é uma tentativa de devolver a nobreza ao filme de Natal. Uma tentativa válida, embora fracassada.
O elenco é de peso: Will Smith, Edward Norton, Kate Winslet, Helen Mirren, Keira Knightley ---o tipo de gente que nos acostumamos a ver salvando o mundo no cinema ou esperando para levar um Oscar.
E a trama, ainda que siga a lógica sentimental de todo filme natalino, se revela bastante complexa. Howard (Smith) é um publicitário bem-sucedido que perdeu a filha, a vontade de viver e, talvez, a sanidade. Ele passa a escrever cartas para o Amor, a Morte e o Tempo.
Seus sócios numa agência decidem provar que ele está louco, para conseguir fechar um negócio que ele refuta.
Eles contratam três atores para representar a Morte, o Amor e o Tempo e aparecer diante de Howard como se fossem encarnações dessas abstrações. Os atores contratados serão como o anjo de "A Felicidade Não se Compra": eles ajudarão não apenas o deprimido Howard, como também seus três sócios calculistas, a reencontrar um sentido para a vida.
O elenco deveria ser o trunfo de "Beleza Oculta", mas é também um problema: para dar tempo de tela a tantas estrelas, o filme precisa correr com a história e fica na superfície do drama de cada um.
Nos EUA, Beleza Oculta foi visto pela crítica como uma bomba. Não chega a tanto. É apenas um filme de TV mais caro e mais estrelado, que foi destinado por engano ao cinema.
Avaliação: regular
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