Em bate-papo, Marisa Monte explica os mistérios do samba

Na pré-estréia gratuita do documentário "O Mistério do Samba", a cantora Marisa Monte (produtora do longa) e os diretores Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor conversaram com o público sobre o processo de pesquisa, produção e edição do projeto, que demorou dez anos para ser concluído. O evento ocorreu na noite de terça-feira (19) no Cine Bombril, em São Paulo (SP).

Crédito: Divulgação
Marisa Monte e a diretora Carolina Jabor durante pré-estréia do longa-metragem "O Mistério do Samba" no Cine Bombril, em SP

O documentário mostra o cotidiano e as histórias da Velha Guarda da Portela --grupo de veteranos sambistas de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro-- com enfoque humanizado e pouco biográfico.

O foco é a pesquisa que a cantora Marisa Monte realizou recuperando composições dos anos 40 e 50 até então não gravadas, durante visitas freqüentes ao berço da escola de samba -- o pequeno bairro de Oswaldo Cruz, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ).

A vontade de fazer o documentário nasceu anos antes, quando a cantora gravou o clássico de Cartola "Ensaboa" ao lado das pastoras --parte feminina da Velha Guarda-- para o álbum "Mais!" (1991).

A poesia, a musicalidade e a intimidade desses senhores e senhoras são desvendadas por meio do cotidiano simples em contraste com a sofisticação das canções compostas por eles, geralmente baseadas no dia-a-dia e, principalmente, em relações amorosas falidas.

"A gente não quis fazer algo muito biográfico, queríamos mostrar como os sambas "brotam" desses sambistas que têm um cotidiano cheio de valores fortes, e às vezes muito duro. Como aquilo se transforma em música altamente sofisticada, mesmo eles não sendo músicos profissionais? Esse é um dos mistérios do samba", disse Marisa.

Em 98, a cantora propôs fazer as filmagens com a Velha Guarda ao notar que havia muito material musical do grupo sem nenhum tipo de categorização. Havia apenas dezenas de fitas K7 gravadas e guardadas por um projeto capitaneado por Paulinho da Viola nos anos 70.

Aliados

No mesmo ano, Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor "compraram" a idéia de Marisa e começaram a fazer as filmagens no bairro de forma aletória. "Quando começamos a pesquisa vimos o quão fascinantes eram aqueles personagens", disse Hollanda.

A equipe reduzida gravava sem qualquer produção. Tanto que em algumas cenas é possível ouvir latidos de cachorro e imagens desfocadas das salas, quintais e varandas que fazem as vezes de cenário, dando um tom simpático ao documentário. Entre as cenas mais bem-acabadas, destacam-se as reuniões dos sambistas na quadra da escola, onde eles se juntavam para cantar, beber e dançar.

"Não fiz a pesquisa e o documentário porque sou cantora. Fiz porque me sinto cidadã e porque o samba faz parte da minha formação musical, como carioca". Vale lembrar que a cantora é filha do diretor de escola de samba Paulo Monte.

O evento promovido pela Folha, pelo Cine Bombril e pela Natura faz parte do projeto Folha Documenta, que promove a exibição de uma sessão diária de um documentário (em geral, às 18h), além de pré-estréias gratuitas e debates com diretores. Os títulos ficam ao menos 15 dias em cartaz e têm preço promocional para os assinantes do jornal.

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