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É interessante ver o progresso das talentosas irmãs e atrizes Dakota e Elle Fanning, que começaram a brilhar nas telas quando crianças.
A mais nova, Elle (nascida em 1998), parece ter finalmente chegado a um ponto de virada em sua carreira com “O Estranho que Nós Amamos” (Sofia Coppola, 2017).
Esse ponto havia chegado antes para Dakota (1994). Foi com “The Runaways: Garotas do Rock” (2010), em que interpreta a vocalista da banda Runaways. Nenhum dos filmes citados deve ficar nos anais da história. E “Tudo que Quero”, de Ben Lewin, que comprova o talento de Dakota, não atingirá patamar superior.
É, contudo, um filme agradável de se ver, muito graças a ela, aqui num papel desafiador: Wendy, moça autista de 21 anos que escreve um roteiro para mais um episódio de “Star Trek”, como parte de um concurso.
Sabemos que o problema de uma pessoa autista não é de inteligência ou aptidão, e sim de comunicabilidade. Mas, mesmo dizendo com todas as letras que tem um roteiro que precisa ser enviado a Hollywood, ninguém parece lhe dar ouvidos. Ou seja, é problema de atenção também, mas dos que a amam.
Até que ela resolve levar o roteiro por conta própria, saindo de San Francisco (quase 600 quilômetros ao norte) na companhia de seu cachorrinho. O filme então cresce, tornando-se um road movie, espécie de primo mais modesto do “História Real” de David Lynch.
Num papel desses, há sempre o risco da comiseração e do sentimentalismo, algo na linha “Rain Man”, em que nem o habilidoso Barry Levinson conseguiu superar a contento algumas armadilhas impostas pela trama.
Sabiamente, preferiu-se o tom menor, uma produção pequena, com um diretor mais habituado a séries de TV e já distante de seu maior sucesso no circuito indie: “O Favor, O Relógio e o Peixe Muito Grande” (1991).
“Tudo que Quero” é também um reencontro com Toni Colette, atriz quase sempre mal aproveitada, em um papel digno de seu carisma. Há ainda a relação conflituosa, mas de amor, entre Wendy e a irmã Audrey. A cena em que Audrey vê imagens das duas, ainda crianças, brincando ao piano é talvez a mais tocante, sem cair na chantagem emocional.
Lewin ainda consegue dosar os momentos em que Wendy sai dos trilhos com aqueles em que ela se mostra brilhante e, principalmente, entende o tamanho de seu filme. O longa é uma singela surpresa. Longe de ser imperdível, mas bem acima do insignificante.
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