Em 1997, a comédia britânica "Ou Tudo ou Nada" fez muito sucesso, e marcou muitas memórias, com homens comuns desempregados dançando ao som de "Hot Stuff", de Donna Summer. Impossível não lembrar do longa ao assistir a "Um Banho de Vida", filme que agora chega aos cinemas brasileiros.
Na comédia dirigida pelo também ator Gilles Lellouche ("Os Infiéis"; 2012), com elenco cheio de estrelas do cinema francês, porém, ninguém faz strip tease, mas é de sunga que estão boa parte do tempo.
Mathieu Amalric ("O Escafandro e a Borboleta"; 2007) vive Bertrand, um depressivo na casa dos 40 que não consegue trabalhar há dois anos e que passa seus dias a jogar Candy Crush no sofá de casa. Um dia, na piscina pública da cidade, descobre que há uma equipe de nado sincronizado masculino que treina ali, e da qual, claro, resolve fazer parte.
O grupo reúne um bando de homens de meia-idade fora de forma com perfis de perdedores, como um dono de uma loja de piscinas falido (Benoît Poelvoorde, de "O Novíssimo Testamento"; 2015) —sublinhe-se que o filme se passa numa cidade cheia de montanhas cobertas de neve—, um faxineiro de cantina de escola que toca guitarra em bingos de igreja e não consegue se dar bem com a filha adolescente, um grosseirão que fala tudo o que pensa, ofende as pessoas e numa dessas é abandonado pela mulher e filho —vivido por Guillaume Canet ("Na Próxima, Acerto o Coração"; 2014)— ou até mesmo a treinadora, uma ex-atleta alcoólatra que persegue um antigo namorado obrigado a se proteger dela na justiça.
Como este é um filme de superação, o que ele não esconde desde a introdução, com um discurso em voz off sobre o redondo que tenta entrar num buraco quadrado, está óbvio desde o começo que a trupe vai ser, de alguma forma, triunfante.
E este é também um filme edificante, cheio de lições. Ele segue a fórmula daqueles, como "Ou Tudo ou Nada", sobre equipes cheias de problemas que vencem no final, que mostram que é possível superar as barreiras individuais com a ajuda de um grupo. Brinca também com as expectativas de gênero, como um reverso de filmes sobre equipes femininas de futebol, por exemplo.
Afinal, por que homens de meia-idade fora de forma numa cidade pequena da França, a maioria deles depressivos e na pior, não podem praticar nado sincronizado?
O filme é despretensioso e um tanto pueril, mas vale a pena ser assistido. Além de por Canet de sunga, pelas risadas e sorrisos que faz surgir no espectador (que não são poucas) e por aquele sentimento de bem-estar que nos enche ao final. Esperança e diversão, afinal de contas, não fazem mal a ninguém.
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