Pistas de patinação com lanchonetes retrôs fazem SP voltar aos anos 1980

Locais reúnem de patinadores especialistas a gente que mal consegue ficar sobre rodinhas

Visitantes no Roller Dancig, rinque de patinação em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo

Visitantes no Roller Dancig, rinque de patinação em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo Adriano Vizoni/Folhapress

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São Paulo

Embalados por músicas dos anos 1980, luzes coloridas e um globo espelhado que gira no teto, um grupo de jovens desliza sobre quatro rodinhas de patins e ri quando um colega se esborracha no chão. Num outro canto, crianças aprendem a dar as primeiras deslizadas nos rolamentos, enquanto outro grupo arrisca dancinhas e manobras sob o ritmo de hits de Madonna, Michael Jackson e Abba.​

Como não poderia deixar de ser, a cena é completada por uma lanchonete de decoração retrô, que serve hambúrgueres, cachorros-quentes, batatas fritas e milk-shakes. A cena poderia facilmente ter saído do musical dos anos 1970 "Roller Boogie" —ou "O Ritmo da Felicidade", como foi traduzido para o português—, mas estamos na São Paulo de 2022.

Rinques de patinação com inspiração na estética americana dos anos 1970 e 1980 têm pipocado na capital e na Grande São Paulo, sempre com lanchonetes e bares acoplados. Os locais são impulsionados, principalmente, por vídeos de dancinhas sobre rodas que viralizam nas redes sociais.

Foi durante uma visita a uma dessas pistas nos Estados Unidos que o empresário Luciano Loiola resolveu abrir o próprio espaço para patinar em terras paulistanas. Em dezembro do ano passado, ele inaugurou o Roller Dance, o exemplar mais novo dessa lista, no bairro da Liberdade.

Em uma pista de 520 m² feita de madeira envernizada, o público desliza para lá e para cá com patins do modelo quad —aquele que tem duplas de rodas na frente e atrás, acopladas a botas que são amarradas com cadarços e que abusam das cores.

Criança anda de patins no Roller Dancig, em São Caetano do Sul
Criança anda de patins no Roller Dancing, em São Caetano do Sul - Adriano Vizoni/Folhapress

Um DJ comanda a trilha sonora, que vai do disco ao k-pop, enquanto luzes coloridas piscam pelo salão. "É uma balada sobre rodas", resume Loiola. Para completar, o ambiente reúne fliperamas, mesas de sinuca e de pebolim, uma lanchonete e um bar.

Os visitantes podem levar os próprios patins ou alugar um dos 300 equipamentos disponíveis pelo preço de R$ 20 para um período de quatro horas. Além disso, monitores ficam de plantão para auxiliar os novatos e ensinar coreografias.

Embora seja recente, o endereço, que surgiu durante a pandemia de Covid-19, acabou se beneficiando de uma maior procura pela patinação durante a quarentena. Hoje, o espaço chega a receber 300 pessoas por dia, calcula o dono. Tanto que um segundo rinque será inaugurado na região da Mooca nos próximos meses.

O interesse dos paulistanos pela patinação ganhou força com vídeos em redes sociais como TikTok e Instagram —a exemplo das publicações da senegalesa Oumi Janta, que viralizaram no seu perfil de quase 1 milhão de seguidores.

Outro dos endereços tradicionais para patinar na cidade é o Roller Jam, que surgiu há dez anos na Mooca e tem uma segunda unidade, em Moema. O fundador, Luiz Morcegão, faz parte da cena de patinação desde os anos 1980 e viu surgirem e desaparecerem outros rinques na cidade, que já tinham sido febre décadas atrás.

O público variou de lá para cá, ele diz. Morcegão conta que os adolescentes de anos atrás hoje são adultos e retornam com a família às pistas, que vêm recebendo hoje em dia mais mulheres e grupos de patinadores.

O espaço funciona no mesmo esquema. Um salão de ambiente retrô é recheado de luzes de LED coloridas e abriga um tablado de madeira de 450 m², fliperamas, um restaurante com cardápio de lanches e milk-shakes e, para os adultos, bebidas alcoólicas —mas é proibido entrar na pista depois de uns goles. Há 500 pares de patins quad para aluguel, que custa R$ 20 para um período de três horas.​

Os rinques não se limitam apenas à capital paulista, porém. Há seis anos, a Roller Dancing abriu as portas em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Por lá, a pista mede 400 metros quadrados e é decorada por luzes coloridas, grafites e telões que exibem videoclipes e vídeos de patinação. Na playlist, dominam as músicas que fizeram sucesso entre os anos 1980 e 2000.

Uma lanchonete de estilo retrô e fliperamas dão o toque final. Por causa do tamanho do salão e por oferecer diversão em um ambiente fechado que já inclui restaurante, esses endereços são frequentemente procurados para abrigar festas de aniversário. O Roller Dancing, por exemplo, chega a receber 15 festas em apenas um fim de semana.

Vital Regis, fundador do local, também aponta uma explosão recente na procura pelo espaço e uma demanda maior pelas aulas de patinação, que vão do nível básico ao avançado e incluem orientações específicas para aprender a dançar sobre rodas.

Existem até pistas itinerantes na cidade —caso da Space Roller, que percorre shoppings. Depois de passar pelo Anália Franco, na zona leste, ela agora está montada no shopping Vila Olímpia até 26 de junho. Ainda não há informações sobre migrar para outro centro comercial.

Mas, por estar instalada em meio a lojas e a pessoas segurando sacolas, a pista não consegue ter o mesmo charme dos rinques que lembram discotecas. Lembra mais aqueles supermercados com atendentes que andavam de patins nos anos 1990. O que não deixa de também ser retrô, é claro.

Roller Dance
R. Galvão Bueno, 351, 3º andar, Liberdade, região central, tel. (11) 3277-4791. Entrada: R$ 20. Locação de patins: R$ 20


Roller Dancing
R. Nelly Pellegrino, 735, São Caetano do Sul (SP), WhatsApp (11) 96333-5610. Entrada: R$ 25 a R$ 30. Locação de patins: R$ 30


Roller Jam
Al. dos Nhabiquaras, 1.980, Moema, região sul. R. Fernando Falcão, 393, Mooca, região leste, rollerjam.com.br. Entrada: R$ 30 a R$ 45. Locação de patins: R$ 20


Space Roller
Shopping Vila Olímpia - r. Olimpíadas, 360, Vila Olímpia, região sul. Até 26/6. R$ 30 a R$ 45

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