A realização de uma das principais mostras cinematográficas do país foi colocada em risco sob a gestão Bolsonaro. Patrocinado até o ano passado pela Petrobras, o Anima Mundi entrou na lista de eventos culturais que perderam o suporte financeiro da empresa no começo do ano.
Agora, para tentar realizar sua 27ª edição, o maior festival de animações da América Latina lançou uma campanha de financiamento coletivo. A meta é arrecadar ao menos R$ 400 mil até 27/6. Quem colaborar (os valores vão de R$ 20 a R$ 50 mil) ganha agradecimentos, ingressos e brindes.
De acordo com a assessoria de imprensa do Anima Mundi, o valor é apenas um complemento à verba vinda de outros patrocinadores, que é menor do que o repasse da Petrobras.
Se alcançada, a soma será suficiente para garantir cinco dias de sessões dos filmes participantes em São Paulo e mais cinco no Rio de Janeiro.
Mas essa é apenas a meta mais modesta da campanha. A intermediária, de R$ 600 mil, assegura a realização do Papo Animado, que reúne personalidades do mundo das animações para conversas com o público do festival, incluindo animadores de estúdios como Pixar ou Aardman.
Já o principal objetivo, de arrecadar R$ 800 mil, permitiria o funcionamento total do Anima Mundi, de forma semelhante ao de edições passadas. Neste caso, é acrescido à programação o Anima Fórum, espaço de encontro de profissionais e instituições cinematográficas nacionais e estrangeiras.
O valor é próximo ao repasse da Petrobras em 2018, de R$ 750 mil, mas ainda é bastante inferior ao orçamento total da mostra, que gira em torno de R$ 3 milhões.
Mesmo que seja realizado, o festival já se programa para uma significativa diminuição da quantidade de longas e curtas-metragens exibidos. Em média, 560 produções são projetadas a cada ano —em 2019, seriam cerca de 200.
O Anima Mundi surgiu em 1993 e é hoje um dos mais prestigiados festival de animação do mundo. Todos os anos, o melhor curta-metragem da programação vence o Grande Prêmio Anima Mundi, que garante elegibilidade para concorrer ao Oscar de melhor curta em animação.
Revisão de patrocínios
O governo Bolsonaro está causando apreensão por conta da revisão na política de patrocínio da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, do BNDES, da Petrobras e dos Correios, estatais que juntas destinaram ao menos R$ 128 milhões à cultura no ano passado.
A gestão está sendo marcada pela previsão de cortes e por atrasos em pagamentos em contratos em vigor com produtores.
Em abril, a Petrobras anunciou que não renovará o patrocínio de 13 eventos culturais neste ano, o que inclui a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio, o Festival de Brasília e o Anima Mundi, entre outros projetos.
Comentários
Ver todos os comentários