43ª Mostra tem homenagem a Amos Gitai e lançamento de livro

'Em Tempos como Estes' incorpora história de Israel em troca de cartas entre o diretor e a mãe

São Paulo

No livro “Amos Gitai”, coeditado pela Mostra em 2004, quando promoveu uma retrospectiva completa de sua obra, o crítico Serge Toubiana —então diretor da Cinemateca Francesa— define o trabalho do diretor israelense como “a tentativa de captar ou registrar, tanto em seus filmes de ficção como em seus documentários, o abalo sísmico sofrido pela região (o Oriente Médio)”.

Cena do filme 'Kadosh - Laços Sagrados' (1999), de Amos Gitai
Cena do filme 'Kadosh - Laços Sagrados' (1999), de Amos Gitai - Divulgação

Para Toubiana, o cinema de Gitai “trabalha o evento no calor do seu acontecimento, no sentido pleno do termo, operando ao mesmo tempo um desvio pela memória, pelo texto ou pela história”. Dessa forma, “não cessa de perscrutar o espaço e o território, questionando a identidade judaica com uma espécie de obstinação tranquila, de serena inquietude”.

Os espectadores da Mostra sabem do que Toubiana fala: 41 filmes de Gitai —nascido em Haifa, Israel, em 1950, e cineasta desde 1974— foram exibidos pelo festival desde a 20ª edição, em 1996. Natural, portanto, que receba neste ano, ao lado do francês Olivier Assayas, o prêmio Leon Cakoff, batizado em homenagem ao crítico que criou e dirigiu a Mostra até sua morte, em 2011.

A honraria será acompanhada pela exibição de dois de seus longas de ficção que celebram aniversários redondos, “Berlim-Jerusalém” (1989) e “Kadosh” (1999). O primeiro costura duas histórias verídicas ambientadas na década de 1930 e o outro narra um drama contemporâneo sobre o peso de dogmas. Ambos têm em comum o fato de serem protagonizados por mulheres, em chave feminista.

Outro livro coeditado pela Mostra, “Em Tempos como Estes - Correspondência, 1929-94” (Ubu), completa a homenagem deste ano a Gitai. São cartas da mãe do diretor, Efratia Gitai, com uma introdução transcrita de conversas entre os dois. Para o filho, Efratia desejava que “as cartas fossem um meio para compreender o destino de nosso país, como se à sua história íntima se incorporasse a história de Israel”.

Algumas dessas cartas serão lidas pelos atores Bárbara Paz, Regina Braga e Gabriel Braga Nunes no lançamento do livro, em 23/10.

Lançamento do livro ‘Em Tempos como Estes’
Ed. Ubu, R$ 62,90 (288 págs.), em 23/10, às 20h, no Teatro Unimed (al. Santos, 2.159, Jardim Paulista), com atores lendo as cartas

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