Casa onde viveu Vilanova Artigas vira centro cultural

Antiga residência do arquiteto, em Campo Belo, abriga café e espaço para exposições

São Paulo

Construída há exatos 70 anos, a antiga casa do arquiteto João Batista Vilanova Artigas em Campo Belo, na região sul, abriu suas portas ao público na quinta (21).

Transformado em centro cultural, o Instituto Casa Vilanova Artigas (ICVA), o local abriga um café, um ambiente expositivo, duas salas de co-working e um jardim.

Casa do arquiteto João Batista Vilanova Artigas, em Campo Belo, na região sul de São Paulo - Eduardo Anizelli/Folhapress

A casa com telhado em formato de borboleta, que até 2016 serviu de lar a um dos filhos do arquiteto, Júlio Artigas, passou por 11 meses de obras de renovações. O projeto foi idealizado pela arquiteta Talita de Nardo, que havia sido aluna de Júlio em 1998.

A propriedade abriga ainda um outro imóvel, a Casinha, inspirada em Frank Lloyd Wright e construída entre 1942 e 1943 —esta não aberta para o público— , e um jardim assinado pelo amigo da família Roberto Burle Marx, que ganhou uma renovação de Luis Carlos Orsini, paisagista do Inhotim, em Minas.

Para de Nardo, a multidisciplinaridade do espaço atende ao projeto de vida do arquiteto: compartilhar os espaços com o público e a cidade.

A biografia de Vilanova Artigas, morto em 1985, norteia, aliás, a primeira exposição do local, “Artigas: a Casa como Cidade”. Com curadoria da própria de Nardo, ela reúne fotografias do imóvel e da vida cotidiana da família, uma linha do tempo e uma maquete da propriedade doada pelo Itaú Cultural, além de revelar alguns segredos do lugar.

Foi durante as obras de renovação, em conversas informais com a família, que a arquiteta afirma ter descoberto que a casa já serviu de refúgio para o guerrilheiro Carlos Marighella em uma ocasião.

Já a Casinha, construída como residência de fim de semana da família em 1943 e com os ambientes completamente integrados (o banheiro é o único cômodo que tem porta), serviu de quartel-general informal do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual Artigas se filiou aos 30 anos.

Essas e outras curiosidades são explicadas em visitas guiadas, agendadas pelo email casanovavilanovaartigas@gmail.com.

O dia a dia do arquiteto também se faz presente em pequenos toques do Café Artigas. Seu estado natal, o Paraná, é a origem dos grãos do café exclusivo vendido na casa, desenvolvido pela barista premiada Sílvia Magalhães.

Um de seus pratos favoritos, tábuas de frios e embutidos —“Ele tinha uma vida boêmia, gostava de beliscar enquanto conversava com os amigos”, conta de Nardo— também ganha duas versões: uma com seu nome e outra com o de sua esposa, Virgínia.

Outros pratos do cardápio de almoço, elaborado pelo chef André Galante, prestam homenagem à arquitetura modernista.

 
 

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