Museu da Língua Portuguesa lança olhar poético sobre as migrações com 'Sonhei em Português!'

Nova exposição temporária da instituição é inaugurada nesta sexta (12) e fica em cartaz até 2022

Instalação da exposição 'Sonhei em Português'
'Sonhei em Português!', nova exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa - Divulgação
São Paulo

Entra em cartaz nesta sexta-feira (12), no Museu da Língua Portuguesa, a exposição "Sonhei em Português!", sobre as migrações do século 21 e como o processo de adaptação em uma nova terra é atravessado pela questão do idioma. A mostra ocupa o primeiro andar do prédio, dedicado às exposições temporárias, e poderá ser visitada até junho de 2022.

Logo na entrada o visitante encontra uma obra em que letras e caracteres de nove alfabetos que parecem flutuar sobre estilhaços de vidro. À frente são exibidos retratos de imigrantes em diversas partes de mundo, e nessa mesma sala as rotas dos fluxos migratórios contemporâneos são projetadas em um mapa, acompanhadas de dados oficiais. Há, por exemplo, a informação de que em 2020 havia 281 milhões migrantes no mundo, 3,6% da população do planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Música, poesia e obras de diversos artistas compõem a mostra, mas as estrelas da exposição são os imigrantes que vivem em São Paulo —13 pessoas de diferentes nacionalidades falam sobre seus países de origem, o Brasil, e a relação com a língua portuguesa.

O nome da mostra foi inspirado em um desses relatos, da síria Joanna Abrahim, que contou que, após mais de um ano em solo brasileiro, compreendeu, a partir de um sonho, que estava integrada a uma nova cultura. "Sonhar em português marcou o momento em que se integrou a partir da língua", diz Isa Grinspum Ferraz, curadora do museu e responsável também pela exposição "Sonhei em Português!".

Gravados em vídeo, os depoimentos dos imigrantes foram fragmentados e dispostos em vitrines temáticas sobre as dificuldades e as conquistas da experiência de migrar —a burocracia, a saudade, as raízes.

"O imigrante é sempre um ser dividido. Tem a dor da partida e, ao mesmo tempo, a alegria da descoberta", afirma a curadora. Segundo ela, a ideia é abordar a crise migratória sob uma perspectiva diferente do noticiário, mostrando a riqueza do tema do ponto de vista cultural, histórico e social.

"É um assunto muito oportuno, crucial do nosso tempo", diz. "Toda a exposição é permeada pela questão da língua. É sempre a língua a chave para entrar na vida brasileira."

Entre os artistas que colaboraram com a mostra estão a cantora e pesquisadora Fortuna, que desenvolveu a trilha sonora da exposição; o artista têxtil Edmar de Almeida; o artista plástico Leandro Lima; e o documentarista Marco Del Fio. Há, ainda, uma instalação com animações de dois poemas de Augusto de Campos, lidos pelo poeta.

Na parte final da exposição, vídeos exibem depoimentos de brasileiros que vivem em países como Japão e Canadá, lembrando que o migrante de amanhã pode ser qualquer um de nós. "É sempre uma questão de estar, não de ser", conclui a curadora.

Sonhei em Português!

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