Descrição de chapéu Semana de 1922
Passeios

São Paulo celebra centenário da Semana de 22 com destaque às periferias

Capital apresenta cultura periférica como realizadora do 'novo modernismo' com programação temática

Bruno Bocchini
São Paulo

A cidade de São Paulo escolheu esta terça (25), o dia em que celebra seus 468 anos, para dar visibilidade à programação comemorativa de um dos eventos mais representativos da capital: a Semana de Arte Moderna de 1922, que completa seu centenário no dia 13 de fevereiro.

Cem anos depois, no entanto, no lugar dos intelectuais que protagonizaram o movimento no Theatro Municipal, São Paulo abre espaço para mostrar a periferia como realizadora do "novo modernismo".

Vista externa do Theatro Municipal de São Paulo, na região central da cidade
Vista externa do Theatro Municipal de São Paulo, na região central da cidade - Danilo Verpa-23.jan.2019/Folhapress

"Em 1922, quem apresentou o modernismo foi a classe intelectual. Hoje, cem anos depois de os modernistas reivindicarem uma arte verdadeiramente nossa, quem apresenta o modernismo é a periferia pujante. Não precisa ser da academia para desenvolver cultura. A cultura da periferia exala nos poros, e não só nos livros", afirma a secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres.

"Esses grandes pensadores tinham poder e dominação da fala em 1922. Era a elite paulistana, elite brasileira, elite cultural. Hoje, quando você olha, tem a Linn da Quebrada, tem a Gloria Groove e outros artistas vindos da periferia que estão fazendo inovação cultural", acrescenta Torres.

Theatro Municipal

Palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o Theatro Municipal de São Paulo estará presente nas festividades do centenário —mas, desta vez, vai dividir as atenções com outros palcos espalhados pela periferia. Segundo a secretária, a intenção é fazer o público do centro conhecer os artistas das regiões mais afastadas e vice-versa.

"A ideia é trazer artistas da periferia para tocar nos palcos centrais e levar os artistas que costumam tocar nesses palcos para os da periferia. É fazer essa troca e, assim, promover de verdade a formação de público, o fomento cultural, esse intercâmbio de cultura. A gente vai ter muita programação incrível no Theatro, mas, ao mesmo tempo, atividades mostrando o modernismo da Brasilândia [bairro da zona norte da cidade]", acrescenta.

Ela destaca que a intenção de aproximação não vai ser somente geográfica, mas também de linguagem. "Quando você fala com um adolescente de ensino médio, principalmente na escola pública, ‘você sabe o que é a semana do modernismo?’, ele vai falar 'não, isso não é para mim, não sei o que é isso'."

"E é justamente o contrário que a gente quer, aproximar o modernismo falando linguagem da juventude, linguagem da periferia, e mostrando que ele também faz parte desse novo modernismo."

Parte da programação municipal dos cem anos da Semana de Arte Moderna já está disponível e pode ser vista no site do projeto, que inclui uma série de encontros entre personalidades da cultura e da cidade, lançado em julho.

Agência Brasil

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais