E se você assistisse a uma peça em que não é possível enxergar nada, apenas ouvir barulhos e as falas dos atores, sentir cheiros e a presença das pessoas? É o que acontece no espetáculo que o Teatro Cego estreia nesta quarta-feira (13) no Tucarena (zona oeste de São Paulo).
- Siga o Guia no Twitter
- Curta a página do Guia no Facebook
- Peça de elogiado autor carioca fala de cachorro-quente e ditadura
"O Grande Viúvo" tem elenco formado também por atores cegos e é encenado todo no escuro. A peça é dirigida por Paulo Palado e baseada no conto "O Grande Viúvo", de Nelson Rodrigues. A história trata de um viúvo que, após ter perdido sua amada, comunica à família que também quer morrer e ser enterrado junto à falecida.
BREU
Outra montagem em cartaz na cidade --esta no Sesc Belenzinho (zona leste)-- tem um princípio semelhante. Escrita pelo carioca Pedro Brício e dirigida por Maria Silvia Siqueira Campos e Miwa Yanagizawa, "Breu", como o nome já sugere, tem seus primeiros 15 minutos também apresentados na total escuridão.
Os espectadores entram no teatro já sem luz, auxiliados por lanternas comandas pela equipe da montagem. A trama se passa em uma casa do subúrbio carioca nos anos 1970. Uma das personagens, Carmem (vivida por Kelzy Ecard), fala o início de seu texto no breu.
O espectador tenta adivinhar seus movimentos pelos sons de água corrente, de passos ou pelo barulho de móveis sendo descolados. Com a chegada de Aurora (Natália Gonsales), que vem auxiliar Carmem na produção de cachorros-quentes, a luz aos poucos começa a surgir.
O que parece um fato corriqueiro é transformado pelo medo e pela desconfiança que definiram a ditadura brasileira.
Comentários
Ver todos os comentários