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Teatro

Espetáculo conta histórias de teatro e gastronomia em restaurante de SP

'O que tem na cozinha' oferece menu-degustação a público de monólogo

São Paulo

Um bife acebolado inesquecível faz parte das lembranças da infância do ator Eduardo Estrela na zona leste de São Paulo, em uma casa em que a família gostava de ficar amontoada em torno da preparação da comida.

Essa é uma das histórias que abrem o espetáculo "O que Tem na Cozinha", que une teatro e gastronomia no restaurante Modi Giardino, em Perdizes, zona oeste da capital.

Encenado no jardim do restaurante para 42 pessoas, o espetáculo é uma homenagem à cozinha afetiva e à culinária profissional. Estrela conta sobre o início de sua paixão por gastronomia e relata um pouco da experiência como dono de restaurante.

Um chef de cozinha, vestindo um uniforme branco, está secando tiras de massa fresca em um suporte de madeira. Ele está em um ambiente ao ar livre, cercado por plantas verdes e uma parede coberta de trepadeiras ao fundo.
O ator Eduardo Estrela em cena do espetáculo 'O que tem na cozinha' - Divulgação

"Abrir um restaurante é como montar um espetáculo", diz. Há inclusive sonoplastia, pois, segundo ele, é comum os cozinheiros se guiarem pelos sons das panelas. Para receber os clientes, ele costumava dizer que era hora de abrir as cortinas, como no teatro.

A apresentação propõe uma viagem pelos sentidos, com cardápio do chef Diogo Silveira servido ao público entre uma narrativa e outra. Durante a encenação, o restaurante continua funcionando normalmente.

O menu-degustação que acompanha o monólogo foi elaborado pelo chef de acordo com cada história, tem quatro pequenos pratos e um principal e é opcional.

Os participantes só descobrem o cardápio na hora do jantar e podem informar sobre restrições no ato da compra no site de vendas.

Estrela interage com a plateia ao guiar uma experiência gustativa, interpreta um trabalhador que construiu a vida profissional em cozinhas de São Paulo e uma mãe que recebe filhos e netos para comer nos domingos e, por fim, compara a rotina de um cozinheiro a de um ator.

"Qual outra profissão aceita ser constantemente avaliada?", pergunta, citando uma entrevista de um chef francês que perdeu uma estrela do guia Michelin. "O ator", ele mesmo responde.

Além da avaliação do público e da pressão constante, cozinha e palco estão unidos pela noção de que o show não pode parar e pelos rituais que caracterizam a preparação de uma refeição ou a montagem de uma cena teatral.

A encenação marca a estreia da produtora Dani Angelotti na direção e do crítico teatral Dirceu Alves Jr. na dramaturgia.

"A ideia de dividir os atos da peça em cada um dos cinco sentidos é para que o público possa perceber cada uma das coisas que está vivenciando, tanto nas histórias do espetáculo como através do que estará saboreando no menu degustação", diz a diretora.

Ela foi sócia de Estrela no restaurante citado no monólogo, mas deixou a sociedade para se dedicar ao teatro. Teve a parceria do chef chileno Alejandro Huerta, com quem é casada, para criar o espetáculo. Huerta tem formação em artes cênicas e é apaixonado por teatro.

"O maior desafio da peça é o fato de provocar uma experiência. Tem que estar preparado para improvisos e fazer a ação fora de um teatro, onde há recursos cênicos como efeitos de luz", diz Dani.

O Que Tem na Cozinha

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