Descrição de chapéu Crítica crítica de filmes
Cinema

Mesmo sem inovar, sequência de 'Pets' mantém apelo visual e boas piadas

Animação é um passatempo honesto recheado de morais da história

São Paulo

Pets - A Vida Secreta dos Bichos 2

  • Classificação Livre
  • Produção EUA, França, Japão, 2019
  • Direção Chris Renaud

Otimistas dirão que é preciso ter fé no mundo e que as coisas vão melhorar. Do outro lado do ringue, pessimistas vão falar que tudo está fadado ao fracasso —portanto, aproveite as coisas boas, mesmo que não sejam tão boas assim.

Pois a continuação da animação “Pets - A Vida Secreta dos Bichos”, que estreia nesta quinta-feira (27), dá razão a esse segundo grupo. Não que o primeiro filme fosse brilhante, a ponto de qualquer sequência matar a obra-prima.

Como bem pontuou Ricardo Calil na época da estreia, em 2016, o título não cumpre o que promete, não se debruça sobre o que os animais fazem longe de seus donos nem destrincha a tal “vida secreta” dos animais de estimação (algo que “Toy Story” faz muito bem com os brinquedos, por exemplo). 

Mas, mesmo assim, o longa é simpático, bem produzido, com piadas engraçadas, um passatempo honesto para pais e filhos. Pois a continuação da história tinha a faca e o queijo na mão para dar o pulo do gato (ou do cachorro, do hamster, do papagaio, dependendo do seu bicho favorito).

Mas não chega nem perto disso. O diretor Chris Renaud (que dirigiu o primeiro longa e esteve à frente de animações como “Meu Malvado Favorito”) preferiu ligar o piloto automático e se segurar na receita de Hollywood para uma boa animação: mensagem edificante, conflitos com soluções fáceis e grande apelo visual. Na nova história, os cachorros Max e Duque são grandes amigos.

O problema agora é que o primeiro se apegou demais ao filho dos donos, ainda um bebê, e passou a ter comportamentos superprotetores, não deixando o menino nem respirar sozinho. É então que a família viaja para um sítio e Max precisa deixar para trás essa vocação de instrutor de condomínio fechado.

Com uma narrativa dividida em três partes —o aprendizado de Max na roça, uma cadela dondoca tentando recuperar um brinquedinho das garras de um exército de gatos e o resgate de um tigre de circo—, “Pets 2” não tenta criar algo original e prefere leva à tela, mais uma vez, um passatempo honesto recheado de morais da história.

No fim da animação, aprendemos que não adianta proteger excessivamente quem amamos, que a liberdade é a maior das virtudes, que trabalho em equipe é a chave para o sucesso e outras máximas que escorrem dos manuais vendidos a peso de ouro por coachs espalhados por aí.

Os grandes estúdios de Hollywood têm um controle de qualidade que praticamente impede o lançamento de animações ruins no cinema. O que é ótimo, diga-se. Mas esse mesmo padrão e controle da narrativa costumam cortar as possibilidades de ousadia (há exceções, é claro, e o próprio "Toy Story" e "Shrek" estão aí para provar). Mas essa fórmula consagrada e quadrada acaba dando razão aos pessimistas: não adianta ter fé no universo, as coisas não vão melhorar.

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais