Nascida no Rio de Janeiro, Panmela Castro tem estrada no mundo da arte. Ela começou sua carreira artística fazendo grafites no subúrbio carioca e vendendo retratos por R$ 1. Depois de um episódio de violência doméstica, tornou-se ativista do direito das mulheres e trouxe isso para a sua arte, até que, aos 20 anos, fez sua primeira exposição, no Rio de Janeiro.
A partir daí, levou sua obra para fora do país e chegou a pintar a fachada do Museu Stedelijk, em Amsterdã. Mas é só agora, aos 40 anos, que ela inaugura sua primeira exposição individual em São Paulo.
"Ostentar É Estar Viva" exibe 50 obras feitas por Castro, muitas delas produzidas durante a pandemia, quando precisou se isolar por causa da Covid-19. Sem poder viajar ou sair, o jeito foi desenvolver seus trabalhos dentro de casa ou na reunião com alguns amigos, quando aproveitou os encontros para retratá-los —alguns dos quadros estão na mostra, em cartaz na galeria Luisa Strina e aberta ao público a partir desta terça, dia 26.
Na mostra, Castro busca representar a autoestima e pintar figuras que fujam do que ela chama de "ideia universal de homem branco e heteronormativo" –como no quadro "Tom & Debora - Residência (Tom)", em que são retratadas duas pessoas da comunidade LGBTQIA+.
Nas palavras da artista, "a exposição trata a autoestima como uma força motriz para nos impulsionar a trazer o que é nosso de direito". Até um quadro de MC Carol, famosa por falar de empoderamento feminino no funk, aparece na mostra.
Além das pinturas, estão expostos também objetos feitos de materiais como bronze e madeira. Há, por exemplo, uma reprodução de bronze de uma gravura feita numa árvore do vilarejo em que vive uma amiga de Castro. Na obra, estão gravadas as palavras "autoestima" e "lucidez".
Em alguns dos vídeos exibidos na exposição, Castro aparece cantando e se divertindo em publicações nas redes sociais com algumas das pessoas retratadas. Ela explica que isso virou obra justamente por escancarar um dos conceitos da exposição, que é mostrar a "memória de uma vivência".
Outra obra que mergulha no mundo virtual é a "Depoimento Clara Averbuck", que expõe uma publicação no Instagram feita pela escritora Clara Averbuck —na postagem, ela posa para ser pintada por Castro. Na exposição, a obra foi disposta em dois quadros verticais com mais de 60 centímetros cada um, em que está emoldurada uma captura de tela da publicação, com a foto e o comentários dos internautas. A pintura de Averbuck feita no dia do encontro também pode ser vista por lá.
Quem for visitar a "Ostentar É Estar Viva" não precisa pagar por ingressos e nem fazer agendamento. É só vestir a máscara.
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