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Restaurantes

Artigiano entrega boa cozinha italiana para quem vence a barreira do caixa eletrônico

No Rio de Janeiro, restaurante aceita como forma de pagamento apenas dinheiro e cheque

Rio de Janeiro

Com 29 anos de bons serviços prestados à gastronomia carioca, o Artigiano, restaurante italiano na divisa de Ipanema e do Leblon, tem uma peculiaridade que está longe de ser um mero detalhe: só aceita pagamento em dinheiro.

Ambiente do restaurante Artigiano, no Rio de Janeiro - @artigianoristorante no Instagram/Reprodução

"Pode ser em cheque também", avisa com gentileza o garçom ao entregar o menu. Sim. Cheque. Pode até ser que clientes mais velhos ainda recorram a ele, mas essa restrição torna praticamente obrigatória uma passada no banco antes da refeição. O incômodo, por maior que seja, vale a pena.

O Artigiano não é só mais um restaurante italiano da cidade. É um dos mais consistentes e confiáveis e, com certeza, o que tem o melhor custo-benefício.

No longo cardápio dedicado à cozinha clássica da Emilia-Romagna, entradas saem por volta de R$ 35 e principais, em sua maioria, ficam abaixo de R$ 70.

O início do jantar (a casa só abre para almoço aos domingos) pode ser em grande estilo, com flor de abobrinha frita e recheada com muçarela e anchovas ao molho tártaro (R$ 34, três). É uma opção difícil de encontrar no Rio, e lá executada com perfeição.

Um prato de ravioli servido em um prato branco. Os raviolis são cobertos com um molho cremoso e estão dispostos de forma organizada. Há uma guarnição de salsa ao lado dos raviolis. O fundo do prato é decorado com um padrão em tons de vermelho e dourado.
Orecchiones de vitela gratinados com lascas de parma e parmesão do restaurante Artigiano, no Rio de Janeiro - @artigianoristorante no Instagram/Reprodução

O carpaccio de carne ao vinagrete de hortelã com parmesão (R$ 34) e a salada de figo seco com presunto de parma e nozes (R$ 35) completam o primeiro percurso sem sobressaltos. Em todas as escolhas, fica nítido que os ingredientes são de ótima procedência. Não há pegadinha ou decepção.

Os principais mantêm o padrão. Os perfumados tortelles negros à base de tinta de lula, recheados de lagosta e aspargos ao molho de açafrão (R$ 67), entregam o que prometem, generosos no recheio e com a massa al dente.

Um prato de comida gourmet apresenta uma porção de massa escura, possivelmente ravioli, coberta com um molho cremoso de cor amarela. O prato é decorado com um raminho de salsa verde ao lado. A apresentação é sofisticada, com a massa disposta de forma circular e o molho espalhado de maneira uniforme.
Tortelles negros à base de tinta de lula, recheados de lagosta e aspargos ao molho de açafrão do restaurante Artigiano, no Rio de Janeiro - @artigianoristorante no Instagram/Reprodução

Seguem a mesma toada os orecchiones de vitela gratinados com lascas de parma e parmesão (R$ 62). Eles chegam fumegantes e se mantêm quentes até a última garfada. Para que isso aconteça, os garçons servem todos os pratos sob uma cloche de prata (espécie de tampa em forma de sino) retirada somente na mesa. Os orecchiones são saborosos? São. Mas um pouco pesados, mais adequados a quem não optou por uma entrada.

Como o Artigiano não se rende a modismos, os doces também são o que se espera de um restaurante tradicional italiano. São bons o tiramissu (R$ 33); a refrescante torta de mascarpone com frutas vermelhas (R$ 36), e o torroncino com salsa di caramello —um torrone em forma de sorvete (de amêndoas) com calda de caramelo (R$ 32), opção mais açucarada e altamente satisfatória. Um dá para dois numa boa.

Todas as massas e sobremesas são feitas na casa por uma equipe bem treinada e sem vaidades. Ao perguntar o nome do chef, veio a resposta: "Não tem um só chef, são várias pessoas dividindo o trabalho".
O restaurante, de ambiente elegante sem afetação (e guardanapo de pano, coisa rara no Rio), exibe na entrada um atestado de excelência da escola Accademia Gastronomica Italiana. Também dão seu aval o Guia Michelin e a Accademia Italiana Della Cucina, que promove a cultura do país.

As plaquinhas com as láureas ficam expostas na entrada, onde há também a indicação de que ali, uma casa a duas quadras da praia, morou Leila Diniz (1945-1972). Um charme a mais para esse simpático lugar, que, a despeito da obrigação de pagar em dinheiro ou cheque, entrega o que é proposto: comida italiana de qualidade.

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