Charmoso, Cinesala vence categoria de melhor cinema de rua na avaliação da Folha

Inaugurado em 1962, espaço já foi o lar da Cinemateca e passou por última reforma em 2014

São Paulo

A placa azul redonda na fachada branca do número 361 da rua Fradique Coutinho já indica, trata-se de um lugar histórico.

Ao chegar mais perto, é possível ler na placa do projeto Memória Paulistana o nome original do espaço que abriga o Cinesala, assim como uma pequena explicação: "Cine Fiammeta; inaugurado em 1962, recebeu atividades da Cinemateca Brasileira entre 1989 e 1997, transformando-se em ponto de encontro de cinéfilos interessados em filmes clássicos e alternativos".

Cinema com poltronas vermelhas
Cinesala, eleito melhor cinema de rua de SP - (Adriano Vizoni/Folhapress)

Mais de 60 anos depois e com vários batismos pelo caminho, o Cinesala, em Pinheiros, é um sobrevivente entre os cinemas de rua de São Paulo —cidade que em outros tempos ostentou mais de 200 salas do gênero.

Com seu espaço acolhedor, café agradável e programação eclética dentro do circuito comercial, a Cinesala é como um abraço afetuoso para qualquer cinéfilo. Assim, foi escolhida como o melhor cinema de rua.

Sua atual configuração é mais recente, data de 2014, quando um grupo de empresários —que inclui o ex-jogador e empresário Raí e Adhemar Oliveira, também responsável pelos cinemas Espaço Itaú— reformou o cinema que, desde então, deixou de incorporar o nome de algum patrocinador.

Ainda do lado de fora, a bilheteria na calçada divulga uma tabela com os valores e a programação da semana. Mas é possível comprar o ingresso também num totem no interior do cinema.

No hall, em dois pisos separados por alguns degraus, a Cinesala combina aconchego e nostalgia, cortesia do designer de interiores Marcel Steiner, que redesenhou o saguão em 2014.

Alguns adereços parecem da época em que o cinema era novidade, como a coluna (uma das três) com pastilhas esverdeadas, as luminárias redondas com ares setentistas ou parte da parede com vidro espesso em frente à bombonnière —o Barouche Pipoca. Para completar, tem até um piano que, de acordo com o atendente, funciona.

As paredes de tijolos pintados de branco são ornadas com pôsteres originais de filmes cults, como "Trainspotting - Sem Limites", de Danny Boyle, "Sem Destino", de Dennis Hopper, ou "A Vida de Brian", com os comediantes do Monty Python, entre outros.

O charme continua dentro da sala, que traz logo na entrada a inscrição iluminada, como um neon, "Cinema de rua desde 1962". Na sala funda, com 227 lugares (todos centralizados em relação à tela), as duas primeiras fileiras são ocupadas por confortáveis sofás, para uma ou duas pessoas, ladeados por mesinhas redondas para descansar bebidas ou lanches adquiridos no Barouche Pipoca.

Na programação, como diz a própria proposta da sala, "buscamos a diversidade de filmes e públicos. Procuramos uma combinação de títulos que sejam populares e, ao mesmo tempo, autorais", avisa.

Em tempos de Oscar, esta busca é facilitada. Nesta semana estão em cartaz "A Baleia", que rendeu o prêmio de ator a Brendan Fraser, "Triângulo da Tristeza", que concorreu a três estatuetas, incluindo a de melhor filme, e o belga "Close", de Lukas Dhont, que disputou como longa estrangeiro. Além, é claro, do grande vencedor "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo".

E, na saída, se precisar usar o wi-fi gratuito para pedir um carro ou contatar um amigo, a senha é "cinemaderua".


Cinesala
R. Fradique Coutinho, 361, Pinheiros, região oeste.


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