Museus de São Paulo apostam em tecnologia para atrair e entreter público

Guia visita 16 dos principais centros culturais da cidade para avaliar recursos tecnológicos 

São Paulo

Se a primeira palavra que vem à cabeça quando você pensa em museus é antigo, talvez seja a hora de marcar uma nova visita a esses espaços. Nos últimos anos, várias instituições culturais da cidade começaram a investir em tecnologia para tornar a experiência do público mais atrativa.

O Guia visitou 16 dos principais museus e centros culturais de São Paulo para observar que recursos são usados para aumentar a interatividade com o visitante. Eles vão desde o simples acesso livre à rede wi-fi e aplicativos básicos para smartphone até jogos para celular (Pinacoteca), sensores de movimento e óculos de realidade virtual (MCB) e simuladores (Museu do Futebol).

Apesar dos avanços, nem todos os centros culturais apostam em tecnologia. Alguns, como o Masp, não têm recursos básicos, como o audioguia. De acordo com o diretor de relações institucionais da Associação Amigos dos Museus, Nelson Colás, o principal empecilho é a falta de dinheiro. “Hoje, a receita é muito pequena. Os museus precisam de patrocinadores até para colocar uma mostra em pé. Por isso, andamos devagar no quesito tecnológico.”

Para os preguiçosos (ou que moram longe), espaços como o MAM e o Tomie Ohtake vêm publicando obras digitalizadas no Google Arts and Culture, plataforma que reúne informações sobre museus e permite visitas virtuais por exposições.

CCBB 
Saiba mais, no seu celular

Em um prédio de 1901, no centro da cidade, o centro cultural oferece bons recursos para melhorar a experiência dos visitantes. É possível reservar ingressos pela internet e exibi-los pelo celular, o que evita filas na bilheteria.

O aplicativo CCBB SP traz informações sobre horário de funcionamento, visitas educativas e história do prédio. É com a ajuda dele que se tem acesso ao audioguia, direto no celular.

Na exposição em cartaz, “Jean-Michel Basquiat”, o visitante pode apontar o leitor de QR Code para obras sinalizadas e receber dados adicionais sobre o contexto e o processo de criação delas, em português e inglês. 

Durante a visita do Guia ao museu, não havia pessoas usando o recurso. Mas dois visitantes perguntaram à repórter como funcionavam os códigos na exposição. O wi-fi gratuito, que exige um cadastro simples, só não funciona bem na galeria do subsolo.
CCBB - R. Álvares Penteado, 112, centro, tel. 3113-3651. Seg. e qua. a dom.: 9h às 21h. Livre. GRÁTIS

 

PINA_LUZ E PINA_ESTAÇÃO 
Interação para os pequenos 

Museu com importante acervo de arte brasileira, o local acaba de lançar o aplicativo PinaTrilhos, desenvolvido em parceria com o Metrô e a CPTM e voltado a crianças. O app é um jogo de perguntas e respostas feito para jogar no caminho até o museu. 

A instituição ainda possui um aplicativo de navegação fácil, que informa a programação e a história de seus dois prédios e por meio do qual é possível ouvir comentários dos curadores sobre algumas das obras do acervo. 

No dia da visita, o espaço não oferecia audioguia para complementar o passeio pelas mostras. Segundo o museu, o serviço está suspenso por tempo indeterminado devido a mudanças no acervo. Para quem não pode ir até lá, a Pinacoteca permite uma visita virtual ao último andar, onde fica o acervo, pela plataforma Google Arts and Culture

Pina_Luz: Pça. da Luz, 2, Bom Retiro, região central, tel. 3324-1000. Pina_Estação: Lgo. Gen. Osório, 66, Santa Efigênia, região central, tel. 3335-4990. Seg. e qua. a dom.: 10h às 17h30. Ingresso: R$ 6. Menores de 10, maiores de 60 anos e sáb.: grátis

MASP 
Tecnologia? só no site

O principal museu da cidade não oferece recursos tecnológicos para quem visita às exposições in loco. É no site que se encontram ferramentas para explorar o acervo de forma interativa. Ali, é possível visitar o segundo andar, com o acervo do museu, e ouvir breves comentários dos curadores sobre algumas obras. 

No site, há também um audioguia, fruto de projeto realizado com colégios, em que crianças interpretam obras. Na tela “Azul e Rosa”, de Renoir, por exemplo, dá para ouvir vozes infantis descrevendo as duas meninas.

O museu também colocou mais de mil obras do acervo no site Google Arts and Culture. Algumas foram fotografadas em alta resolução, então é possível dar um zoom de até cem vezes nas atrações.

Av. Paulista, 1.578, Bela Vista, tel. 3149-5959. Ter., qua. e sex. a dom.: 10h às 17h30. Qui.: 10h às 19h30. Livre. Ingr.: R$ 35. Ter.: grátis.

MUSEU DA CASA BRASILEIRA 
Novidades, por tempo limitado

Focado em design e arquitetura, o museu tem acervo pouco interativo, mas investe em exposições temporárias com tecnologias como óculos de realidade virtual. 

Em cartaz até 8/4, a mostra “Passagens”, sobre mobilidade urbana, dá aos visitantes a chance de “andar” por cidades como Bangcoc, na Tailândia, por meio de uma TV acoplada a um sensor de movimento. 

Design Aerodinâmico – Metáfora do Futuro”, que entra em cartaz em 21/4, terá uma rede social própria em que o público poderá interagir com as obras. Apesar dessas exposições, o museu não tem aplicativo nem audioguia.

Av. Brig. Faria Lima, 2.705, Jardim Paulistano, tel. 3032-3727. Ter. a dom.: 10h às 18h. Livre. Ingr.: R$ 10. Menores de 10, maiores de 60 anos, sáb. e dom.: grátis.  

 

INSTITUTO MOREIRA SALES 
Passeio virtual pela SP antiga

Mais novo espaço cultural da avenida Paulista, o IMS permite que o visitante navegue por parte do acervo, com fotos da cidade de 1860 a 2000, em cinco mesas interativas (foto) no nono andar. 

Mas falha ao informar sobre os recursos tecnológicos oferecidos. Durante a visita, funcionários disseram que não havia audioguia disponível. Questionada, a assessoria afirmou que, com um leitor de QR code, é possível ouvir no celular informações sobre a mostra Chichico Alckimin, Fotógrafo”.

Av. Paulista, 2.424, Bela Vista, região central, tel. 2842-9120. Ter., qua. e sex. a dom.: 10h às 20h. Qui.: 10h às 22h. Livre. GRÁTIS

MUSEU DA IMIGRAÇÃO 
Um clique para o passado

Com a ajuda de um audioguia —disponível em português, espanhol e inglês; R$ 10—, o público recebe informações sobre a exposição de longa duração “Migrar: Experiências, Memórias e Identidades”. 

Cabines com TVs e fones de ouvido permitem que o visitante assista a depoimentos de imigrantes selecionando temas como bagagem, viagem e alimentação. Em um terminal, dá para pesquisar ancestrais que passaram pela hospedaria. 

R. Visc. de Parnaíba, 1.316, Mooca, região leste, tel. 2692-1866. Ter. a sáb.: 9h às 17h. Dom.: 10h às 17h. Livre. Ingresso: R$ 10. Sáb.: grátis.

MUSEU CATAVENTO 
A galáxia na palma da mão

Voltado ao público infantil, o museu não tem audioguia, mas aposta na interatividade para captar a atenção dos visitantes. Dividido em quatro seções —Universo, Vida, Engenho e Sociedade—, o espaço tem telas em que o público pode fazer um passeio interplanetário, optando por circular pela galáxia, planetas ou órbitas. 

Na área Universo, é possível se pesar em uma balança que mostra seu peso na Lua e em outros planetas. O espaço Vida uma instalação mostra como funciona um pulmão humano. 

Pça. Cívica Ulisses Guimarães, s/ nº, Brás, região leste, tel. 3315-0051. Ter. a dom.: 9h às 17h. Ingresso: R$ 6. Sáb.: grátis.

MUSEU DO FUTEBOL 
Show de bola virtual

Um dos museus mais populares da cidade aposta em variados recursos tecnológicos. Telas suspensas projetam fotografias de jogadores consagrados na mesma sala em que é possível assistir a uma sequência de grandes jogadas e ouvir narrações de gols. 

Em uma instalação, o visitante interage com uma bola virtual que responde ao movimento quando chutada. Em outra, pode brincar de chute a gol com um goleiro virtual e tirar uma foto para guardar de lembrança. 

O museu não tem aplicativo, mas dá para acessar o audioguia pelo site —em português, inglês e espanhol. Na plataforma Google Arts  and  Culture, exibe sete exposições virtuais.

Pça. Charles Miller, s/ nº, Pacaembu, tel. 3664-3848. Ter. a dom.: 9h às 17h. Livre. Ingr.: R$ 12. Menores de 7 anos, pessoa com deficiência e acompanhante (ter.): grátis.

 

ITAÚ CULTURAL 
Recursos temporários 

No espaço cultural criado em 1986, o uso de tecnologia varia conforme a exposição em cartaz. A mostra permanente “Coleção Brasiliana Itaú” não oferece interatividade, mas exposições temporárias são equipadas com recursos como videoguia e audiodescrição

Na mostra “Una Shubu  Hiwea, que esteve em cartaz até fevereiro, o instituto experimentou o uso do Lungo, espécie de tablet que oferecia ao visitante as opções de audioguia, audiodescrição e libras.

Av. Paulista, 149, Bela Vista, região central, tel. 2168-1777. Ter. a sex.: 9h às 20h. Sáb. e dom.: 11h às 20h. Livre. Estac. a partir de R$ 7 (r. Leôncio de Carvalho, 108). GRÁTIS 

MIS 
Veja o show, ouça o som

Na instituição, que nos últimos anos tem se dedicado a exposições de apelo pop, os recursos tecnológicos variam a cada mostra. Na que homenageava Renato Russo, em cartaz na visita do Guia, um das atrações era um show virtual do cantor.

Além disso, um experimento de realidade virtual permitia ao visitante assistir a artistas interpretando “Tempo Perdido” e uma playlist trazia  músicas e conteúdo exclusivo. O acesso, no entanto, exigia que o frequentador usasse o aplicativo Spotify

Av. Europa, 158, Jardim Europa, região oeste, tel. 2117-4777. Ter. a sáb.: 12h às 20h. Dom.: 11h às 19h. Ingresso: R$ 10. Menores de 5 anos e às ter.: grátis. Estac. R$ 18. 

 

INSTITUTO TOMIE OHTAKE 
Tudo pelo celular

A maior parte da tecnologia oferecida pelo instituto está disponível pelo celular: o aplicativo oferece audioguia, audiodescrição e até vídeos em libras sobre as exposições temporárias. 

O espaço pretende reestruturar o app, incluindo mapas de georreferenciamento das salas e um sensor que aciona o audioguia quando o usuário se aproxima de uma obra. 

Na última quarta (7), o perfil no Google Arts  and  Culture foi atualizado. Agora é possível acessar imagens de obras de Tomie  Ohtake e fotos e vídeos de mostras passadas.

R. dos Coropés, 88, Pinheiros, tel. 2245-1900. Ter. a dom.: 11h às 20h. Livre. GRÁTIS 

 

JAPAN HOUSE 
O futuro no banheiro

Apesar de ser um dos museus mais novos da cidade, é um dos espaços que mais deixam a desejar no quesito tecnologia. A presença nas redes sociais e o wi-fi gratuito oferecido aos visitantes resumem o que há de tecnológico, já que não há audioguia, aplicativo para celular ou outros recursos. 

O site tem poucas informações. Nos banheiros, porém, um detalhe chama a atenção: os vasos sanitários, importados do Japão, têm recursos como regulagem de temperatura no assento e jatos de água.

Av. Paulista, 52, Bela Vista, região central, tel. 3090-8900. Ter. a sáb.: 10h às 22h. Dom.: 10h às 18h. Livre. Estac. R$ 20. GRÁTIS  

MAM 
Quem procura acha

Na visita, o Guia solicitou o audioguia e foi informado de que os disponíveis foram produzidos para deficientes visuais. O aparelho, entregue à reportagem a pedido, tem áudios sobre as mostras e descrições de obras. 

A rede wi-fi para visitantes levava a uma página que estava fora do ar. O museu informa que a rede oscila, mas funciona. E que há, também, outro acesso para o site: mam.org.br/audioguias. Ali, podem ser encontrados materiais de apoio, como vídeos em libras e áudios 
sobre as mostras.

Pq. do Ibirapuera, portão 3, Pq. Ibirapuera, tel. 5085-1300. Ter. a dom.: 10h às 17h30. Livre. Ingr.: R$ 7. Menores de 10, maiores de 60 anos e sáb.: grátis. 

 

MAC-USP 

Toque-me, cheire-me

Administrado pela Universidade de São Paulo, o museu tem bons textos para contextualizar as obras de exposições, mas nenhum tipo de tecnologia para facilitar a visitação.

A interação se dá em algumas mostras como a recém-aberta “Diários de Cheiro - Teto de Vidro”, da artista brasileira radicada em Nova York Josely Carvalho. Com obras que incluem instalações olfativas, a exposição permite ver, ouvir, tocar e cheirar as obras. 

Av. Pedro Álvares Cabral, 1.301, acesso pelo portão principal do MAC, pq. Ibirapuera, tel. 2648-0254. Ter. a dom.: 11h às 21h. Livre. GRÁTIS  

 

CAIXA CULTURAL 
Só no APP

O edifício na praça da Sé recebe exposições temporárias e abriga um acervo que conta a história da Caixa Econômica Federal. No dia da visita da reportagem, abrigava três mostras. Tanto as temporárias quanto o acervo não oferecem audioguia ou outras tecnologias ao visitante. 

O aplicativo é bastante simples e funciona bem. Traz a programação e apresenta informações e fotos sobre obras pertencentes ao acervo do banco, sem, no entanto, informar como e onde podem ser vistas (a instituição tem sete unidades pelo país).

Pça. da Sé, 111, Sé, região central, tel. 3321-4400. Ter. a dom.: 9h às 19h. GRÁTIS  

 

MUSEU AFRO BRASIL
Faça o seu roteiro

Dois totens chamam a atenção no museu: um informa o link para baixar o aplicativo da instituição e o outro, eletrônico, pede a avaliação  após a visita. No app, o público encontra textos sobre as exposições em cartaz e sobre a instituição, além do audioguia, que funciona por meio da leitura de QR Codes, disponíveis em totens espalhados pelo acervo. 

O museu tem perfis no Spotify, com playlists temáticas, e no Google Arts and Culture, que possibilita visitas virtuais pelo espaço. O site sugere roteiros pela exposição permanente. 

Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, portão 10, pq. Ibirapuera, tel. 3320-8900. Ter. a dom.: 10h às 17h. Livre. Ingr.: R$ 6. Sáb.: grátis.  

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