Avenida Paulista é tomada por diferentes obras que retratam democracia e liberdade

Mostra ocupa ciclovia que existe no local, entre a rua Augusta e a alameda Campinas

São Paulo

Depois de ser adiada por causa da pandemia do novo coronavírus, a tradicional exposição na avenida Paulista que ocorre a cada ano no Dia do Trabalhador estreia a sua sexta edição com meses de atraso. O tema é "Liberdade e Democracia" e reúne 15 painéis duplos de 18 artistas, incluindo nomes como Alexandre Orion e Lenora de Barros.

Organizada pela UGT, a União Geral dos Trabalhadores, a Doc Galeria e a Maná Produções Culturais, a mostra recém-inaugurada ocupa um quilômetro da ciclovia que existe no local, entre a rua Augusta e a alameda Campinas.

"A exposição leva cor [às ruas da cidade] e é uma alegria enorme para a avenida", diz o curador desta edição, Fernando Costa Netto. "Vejo muitas pessoas olhando os painéis e sorrindo. É um projeto que levanta a autoestima das pessoas que circulam por ali."

Segundo ele, o processo de curadoria teve como principal critério a diversidade geracional e linguística para reunir artistas de épocas e estilos diferentes e, assim, "ser realmente democrático e livre como sugere o tema [da exposição]". O resultado é uma mescla de estilos entre artistas de rua e nomes do circuito de museus e galerias, de diferentes idades e regiões.

Nos painéis, os assuntos passam por temas como eleições políticas e o fascismo. Bobinas, contatos, botões, veias, artérias e ventrículos viram parte de uma urna eleitoral nas obras de Deco Farkas, por exemplo.

Já os trabalhos de Lenora de Barros fazem um jogo de palavras num cartoon inédito que faz uma releitura de sua obra "Xô Dor", de 1993. Segundo a artista, as novas imagens, que têm projeto gráfico de Pedro Lunardi, retratam "um produto antifascista, para eliminar antigas e novas pragas".

"Essa exposição sempre se propõe a fazer uma reverência ao trabalhador brasileiro", afirma Netto. "Neste ano, quisemos ressignificar os termos 'democracia' e 'liberdade', que são palavras lindas, mas vêm sendo questionadas por esse governo federal, que parece não gostar muito disso."

Outro nome em cartaz, o artista Frederico Filippi traz em suas obras, por exemplo, retratos do que chama de "sequestro dos emblemas da bandeira nacional pelo discurso e valores da extrema direita".

Além de Farkas, Barros e Filippi, há ainda Adriano Costa, Alex Cerveny, Alexandre Orion, Arnaldo Antunes, Marcia Xavier, Guto Lacaz, Marcelo Cipis, Mauro Neri, o coletivo Os Tupys, Pinky Wainer, Rico Lins, Tadeu Jungle e Walter Silveira na mostra.

Segundo Ricardo Patah, presidente da UGT, mesmo que o evento não esteja ocorrendo no feriado do Dia do Trabalhador, em 1º de maio, o significado e a importância permanecem os mesmos.

"Queria destacar que governos são passageiros. Liberdade e democracia são perenes. São valores para todos. É nisso que devemos acreditar. É esse o foco da exposição. O objetivo é combater a desigualdade e implementar o progresso, com bem-estar social para os brasileiros", diz ele.

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