Galerias de rua voltam à moda com karaokê, cat café e estúdios de tatuagem em SP

Centros comerciais surgiram nos anos 1950, pouco depois da chegada da arquitetura modernista

São Paulo

Com mistura de lojas temáticas e arquitetura interligada à dinâmica da cidade, galerias comerciais de rua voltaram à tona como opção para passear e conhecer mais sobre a história da capital. E, claro, fazer compras.

Primas mais velhas dos shoppings, elas surgiram nos anos 1950 em São Paulo, pouco depois da chegada da arquitetura modernista na cidade.

Galerias são caracterizadas por sua integração à lógica urbana, explica Luís Antônio Jorge, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Segundo ele, denominações para essas construções, como centros comerciais, podem variar. O que não muda, segundo o especialista, é a conexão desses complexos com o espaço público, com entradas e tetos abertos, por exemplo.

Depois de sofrer por anos com desocupação, esses centros também voltaram a ser procurados por sua oferta de lojas temáticas, que podem ir do karaokê japonês ao rock.

A imagem mostra a parte inferior da Galeria do Rock o com varandas curvas e janelas grandes. O céu está claro e azul, com algumas nuvens brancas. À esquerda, há um poste de luz com lâmpadas. A perspectiva é de baixo para cima, destacando a arquitetura do prédio.
Galeria do Rock, lendário centro comercial no centro de São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Conheça, a seguir, 14 endereços para visitar, divididos por sua região na cidade.

BOM RETIRO

Condomínio Centro Comercial Bom Retiro
Com inauguração finalizada em 1961, o espaço dá acesso a duas das principais vias comerciais do bairro: as ruas José Paulino e Ribeiro de Lima. Em meio a um amplo espaço, com direito a bancos, há lojas de comércio e serviço —caso do restaurante Prato Grego, onde clientes podem arremessar pratos como manda a tradição do país. O carro-chefe é o suvlaki (a partir de R$ 35), espécie de kebab. Outra dica é visitar a Aigo Livros, que tem curadoria especializada em publicações sobre diásporas e migrações.
R. Ribeiro de Lima, 453, Bom Retiro, região central. Seg.a sex., das 8h às 18h. Sáb., das 8h às 15h


Galeria Nova José Paulino
É um ponto de compras próximo à rua José Paulino, importante polo de comércio de roupas da cidade. Com dois andares, tem iluminação natural proporcionada por um telhado envidraçado que que recobre o prédio. Visitantes encontram lojas voltadas ao atacado e varejo de moda, com roupas casuais masculinas e femininas, peças infantis, calçados, bijuterias, tecidos e vestidos de festa.
R. Aimorés, 58, Bom Retiro, região central. Seg. a sex., das 8h às 17h30. Sáb., das 8h às 15h

LIBERDADE

Trade Center
Quem olha para a entrada do centro comercial, com beirais curvados e vermelhos que remetem à arquitetura oriental, já espera encontrar uma seleção de artigos com influência asiática. O local vende discos, CDs e DVDs para karaokê com canções japonesas. Há também lojas de cosplay, que trazem peças de vestuário inspiradas em personagens de anime, como as utilizadas pelos membros da organização Akatsuki, da série "Naruto", além de pantufas, camisetas e moletons temáticos de mangás. Para completar o visual, também é possível encontrar lentes de contato coloridas. Outras lojas oferecem bonecos colecionáveis de personagens, leques e espadas samurai.
R. Galvão Bueno, 19, Liberdade, região central. Seg. a dom., das 9h às 18h40

PAULISTA E CONSOLAÇÃO

Galeria Le Village
Em frente ao atual Espaço Petrobras de Cinema, a galeria se destaca pela área a céu aberto e vitrines oblíquas. Uma das atrações ali é o sebo Corsarium, que vende discos de vinil de artistas nacionais e internacionais como Djavan, Caetano Veloso, BeeGees, Madonna e John Lennon. Lá também fica o brechó Candoca’s, onde os clientes podem comprar peças de vestuário masculinas e femininas, calçados e acessórios, como anéis e óculos de sol.
R. Augusta, 1.492, Consolação, região central. Seg., a sáb., das 8h às 21h


Galeria Ouro Fino
Na rua Augusta, ganhou fama entre estilistas na década de 1990. O endereço conta com cinco andares e espaço para 97 lojas. Há cafés, restaurantes, estúdios de tatuagem, operadoras de turismo e lojas de acessórios e produtos para bailarinos. Destaque para o atelier Juliette, que tem peças de vestuário, como bodies, croppeds em paetê e kimonos coloridos em tule —sugestões para os blocos e festas carnavalescas na cidade. Há acessórios, como óculos, prendedores de cabelo e brincos estilizados com cabeças de bonecas e espelhos.
R. Augusta, 2.690, Cerqueira César, região oeste. Seg. a sáb., das 9h às 20h


Galeria Vitrine
O espaço tem saída para as ruas Augusta e Haddock Lobo. Concentra estabelecimentos e estúdios com produções de artistas independentes e design autoral, como a loja Arte Tribal. Ali, se encontram peças de artesanato e decoração étnica, a exemplo de potes de cerâmica artesanal com pintura do povo kadiwéu, do Mato Grosso do Sul, e cestos feitos artesanalmente com cipó titica por yanomamis.
R. Augusta, 2.530, Jardim Paulista, região oeste. Seg. a sex., das 7h às 20h. Sáb., das 8h às 20h. Dom., das 10h às 18h


Passeio Paulista
Fica no térreo de um prédio novo de 21 andares e conecta duas ruas: a da Consolação e a Bela Cintra. O espaço tem 2.132 m² e conta com uma praça de alimentação a céu aberto, com mesas e cadeiras para cerca de 120 pessoas. Parte dos andares já está em funcionamento com escritórios. No térreo, a D. Propósito, misto de galeria de arte e loja de design com trabalho de artistas brasileiros, já está aberta. Os restaurantes e cafés devem ser inaugurados em março.
R. da Consolação, 1.601 e r. Bela Cintra, 306, Consolação, região central. Seg. a sáb., das 8h às 20h

Espaço do Passeio Paulista, complexo na rua da Consolação
Espaço do Passeio Paulista, complexo na rua da Consolação - Pedro Vannucchi/Divulgação

PINHEIROS

Lapi
Em funcionamento desde abril, o complexo fica a poucos passos do largo da Batata e reúne restaurantes e lojas. Uma das opções é o Panda Ya!, restaurante especializado em guioza, com porção com quatro unidades ao preço de R$ 21 a R$ 26. Também estão abertas a Portugo, doceria especializadas em pastéis de nata, e as lojas das marcas Pipe Content House, 2C2 Bags, Cartel 011, Sim!, além da floricultura Flô Ateliê Botânico. Inaugurações estão previstas para os próximos meses.
R. Fernão Dias, 604, Pinheiros, região oeste. Seg. a sáb., das 10h às 20h. Dom., das 11h às 17h

REPÚBLICA

Copan
O prédio de Oscar Niemeyer funciona de forma híbrida: é residencial e comercial, com uma galeria no térreo. Entre os corredores sinuosos, o visitante pode encontrar barbearias, chapelaria, lojas de chocolate ou roupas e salão de beleza. Destacam-se a Video Connection, uma das quatro videolocadoras remanescentes na cidade, a Farinella Bakery, padaria dedicada a receitas italianas, e o Bar da Dona Onça, comandado pela chef Janaina Torres.
Av. Ipiranga, 200, República, região central.


Galeria Metrópole
Situada na esquina da avenida São Luiz com a praça Dom José Gaspar, o edifício foi originalmente denominado como Conjunto Máximus. As escadas que interligam os andares da galeria se cruzam, formando grandes X suspensos. Tem lojas de câmbio e agências de turismo, além de restaurantes, como Rinconcito Peruano e Tucupi do Centro. Quem senta nas mesas dispostas na parte externa dos estabelecimentos pode almoçar e aproveitar a vista do jardim interno, coração da construção desenhada por Salvador Candia (1924-1991) e Gian Carlo Gasperini. No segundo piso, destaque para o Gatchá, cat café em que clientes podem visitar bichanos, instalados na parte superior da loja, por 15 minutos (R$ 15) ou meia hora (R$ 25) e alimentá-los com petiscos (R$ 5).
Av. São Luís, 187, República, região central Seg. a sáb., das 7h à 0h

Galeria Nova Barão
Inaugurada ao lado do Theatro Municipal em 1967, conecta as ruas Barão de Itapetininga e Sete de Abril. O piso de pedras portuguesas lembra, de longe, o calçadão de Copacabana. Funciona a céu aberto e tem espaços dedicados a LPs de todos os estilos e valores. Ali, é possível encontrar títulos raros em lojas como Made In Quebrada Discos, África Brasil Discos, Locomotiva Discos e Sonzera Records.
R. Nova Barão, 35, República, região central. Seg. a sex., das 9h às 20h. Sáb., das 9h às 18h


Galeria Presidente
Conhecido como "Galeria do Reggae", tem estrutura que lembra a Galeria do Rock em uma versão menos conservada. Projeto do escritório dos arquitetos Emanno Siffredi e Maria Bardelli, conta com sete pavimentos e é um dos redutos da cultura preta na capital. Ao entrar no edifício, é comum encontrar mulheres com seus cabelos sendo trançados. Os comércios, em sua maioria, oferecem serviços de compra e venda de cabelos naturais e laces. Lá, também abrigam-se tabacarias e lojas de discos, que dão destaque a artistas negros em suas vitrines, como Beyonce, Jay-Z e The Weeknd.
R. 24 de Maio, 116, República, região central. Dom. a sex., das 8h às 19h. Sáb., das 8h às 18h


Galeria do Rock
Histórico, o espaço, também projetado pelo escritório Siffredi e Bardelli, foi inaugurado em 1963 e é reconhecido por seus pavimentos ondulados, marca da fachada do prédio. Por lá, dá para comprar roupas, calçados, discos de vinil e CDs. Também há estúdios de piercings e tatuagens. Apesar do nome da galeria, as vitrines das lojas têm títulos variados, que incluem artistas pop, como Katy Perry, Taylor Swift e One Direction —mas, claro, bandas de rock, como Queen e Metallica, estão presentes.
Av. São João, 439, República, região central. Seg. a sex., das 9h às 19h. Sáb., das 9h às 18h. @galeriadorockoficial

Galeria Sete de Abril
Lojas como Angel Foto, Foto Retrô e Portssar despertam uma vibe nostálgica nos clientes apaixonados por fotografia que ali passam. Nelas são encontrados diversos modelos de câmeras analógicas, incluindo versões descartáveis e equipamentos de colecionadores, além de filmes e produtos para revelar fotografias, como kit de bandejas e papel fotográfico. Outro destaque são serviços de ampliação, digitalização e revelação.
R. Sete de Abril, 97, República, região central. Seg. a sex., das 8h às 19h. Sáb., das 7h30 às 19h

VOCÊ SABIA?

Shopping-galeria
Nos desenhos arquitetônicos iniciais, shopping Iguatemi, primeiro grande centro de compras brasileiro, trazia um espaço aberto, conectado à calçada, explica Maria Lúcia Refinetti Martins, professora da FAU-USP. Com o aumento do uso de carros, as áreas abertas deram lugar a estacionamentos —mas algumas características que remetem a galerias permanecem.
Shopping Iguatemi - av. Brig. Faria Lima, 2.232, Jardim Paulistano, região oeste. Seg. a sáb., das 10h às 22h. Dom., das 11h às 22h. @iguatemi

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