Exposição sobre Rita Lee em SP tem músicas inéditas, manequins e quadros nunca exibidos

Mostra no MIS fica em cartaz até novembro e tem curadoria de filho da cantora

Manequins caracterizados com roupas da cantora Rita Lee

Exposição 'Samsung Rock Exhibition - Rita Lee'. Em cartaz no MIS em São Paulo Ale Frata/Agência O Globo

São Paulo

Roupas carnavalescas e burlescas, instrumentos musicais raros e, claro, muito rock guiam a exposição “Samsung Rock Exhibition - Rita Lee”, que está em cartaz no MIS, o Museu da Imagem e do Som, em São Paulo.

Com curadoria assinada por João Lee, filho da cantora, e com pitacos da homenageada da mostra, Rita Lee, as 18 salas do museu escancaram a carreira e a vida da rainha do rock com fotos da família e até um ambiente inspirado no porão onde Rita brincava quando era criança.

Logo na entrada, o visitante é jogado em um universo alienígena, cheio de extraterrestres e naves espaciais, onde todos são bombardeados por luzes e estrelas —e introduzidos ao universo de Rita. Na sequência, surge um mural com fotos da artista que se misturam com imagens aleatórias de pessoas que ela admira, como Grande Otelo, Carmen Miranda e o personagem de histórias infantis Peter Pan.

Em seguida, uma santa é exibida em cima de uma televisão —esta é só a primeira de muitas imagens católicas presentes ao longo da exposição. Segundo João, a religião é fundamental para a cantora, algo que remete a Romilda Padula Jones, mãe de Rita e avó de João Lee.

O primeiro andar é todo dedicado ao início da carreira artística de Rita. Manequins com o rosto e o cabelo inconfundíveis da autora de "Ovelha Negra" surgem vestidos com figurinos emblemáticos de seus shows e discos. Um deles, por exemplo, está no fim de um corredor e aparece com trajes de Nossa Senhora Aparecida, em referência ao histórico show no festival Hollywood Rock, de 1995.

A quantidade de itens impressiona e entretém os visitantes ao longo da visitação. Por outro lado, muitos objetos carecem de informações sobre eles e, por vezes, não fica claro o motivo de um cacareco ou de uma canção ter sido escolhida para aquela determinada parte da exibição.

Continuando a visita, a sala seguinte retrata os anos 1960 e 1970, período da adolescência de Rita, que hoje tem 73 anos. São destrinchados sua primeira banda, seus primeiros instrumentos musicais, sua entrada na banda Os Mutantes e, por fim, sua saída do grupo.

Um dos pontos altos é o vestido de noiva usado nas apresentações, levado sem autorização por ela quando deixou o rock tropicalista do conjunto formado ainda pelos irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista.

Outro roubo lembrado com humor na exposição é o da bota prateada da grife britânica Biba, exposta no mesmo andar do vestido. Foi depois de furtar o calçado na loja em Londres que ela pintou o cabelo de ruivo e se tornou a Rita Lee que conhecemos.

O ambiente mais apertado de todos, propositalmente enclausurado, retrata a ditadura. Rita Lee foi uma das artistas mais censuradas durante os 21 anos do regime, que durou de 1964 a 1985. Nas paredes da sala temática, estão penduradas cartas, músicas que nunca foram gravadas e discos com faixas excluídas.

Ainda no mesmo andar, um painel com a imagem do disco “Refestança”, gravado com Gilberto Gil, pode ser visto ao lado da roupa original costurada por sua mãe. O figurino estampado foi usado nas apresentações da época.

Ale Frata/ Agência O Globo
Presente de David Bowie para Rita Lee, uma foto dos dois autografada por ele. - Foto em preto e branco de David Bowie e Rita Lee

O ápice da exposição, porém, está a seguir, na sala que retrata o especial “O Circo”, da Globo. Um palco com três lados, onde a cantora podia trocar de roupa e voltar caracterizada de outro personagem, foi recriado no museu por Chico Spinoza, que assina a cenografia da exposição.

O romance na vida da artista também guia a exposição. Fotos, poemas e até a letra de uma música nunca gravada —com frases sensuais, censuradas pela ditadura— relembram a vida da cantora ao lado do músico Roberto de Carvalho. Mas, nessa parte, é omitido o casamento dela com Arnaldo Baptista, membro dos Mutantes.

Ainda no segundo andar, os visitantes são surpreendidos com uma escada com “A Marca da Zorra”, em referência ao seu disco de 1995.

Depois de um mural com fotos de capas de revistas e uma sala com mais instrumentos da cantora, a exposição é finalizada drasticamente num espaço com uma televisão. Nela, um vídeo exibe a cantora, já com a idade atual, lendo “Amiga Ursa”, livro de sua autoria lançado em 2019 e que fala sobre a ursa mais triste do mundo.

Já na saída, uma surpresa —ali estão os quadros desenhados pela artista e nunca expostos, nos quais estão retratadas personalidades como Elke Maravilha, Fernanda Montenegro e o Spock, de “Jornada nas Estrelas”.

Samsung Rock Exhibition - Rita Lee

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