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Parque com dinossauros T-Rex Park deixa a ciência de lado e mistura espécies sem critério

T-Rex Park, no estacionamento do Shopping D, apresenta diversas réplicas de répteis pré-históricos

Um passeio temático com dinossauros vem atraindo o interesse de crianças e adultos nestes últimos dias de férias escolares em São Paulo.

O T-Rex Park, no estacionamento do Shopping D, possui 19 atrações inspiradas em "Jurassic Park", onde algumas réplicas do famoso predador reptiliano com tamanho um tanto exagerado dividem espaço com outros animais —como um carrossel de cavalinhos, por exemplo, o que representa um deslocamento na escala geológica de, no mínimo, 66 milhões de anos.

Os visitantes podem ainda ter a experiência de estar dentro de um ovo de dinossauro com dimensões muito acima da realidade e ver de perto réplicas de outros dinossauros que, pelo menos na visão dos organizadores do parque, coabitaram o planeta há mais de 100 milhões de anos. Mas não é bem assim.

É aí que mora o problema: as réplicas, apesar de bem-feitas e de serem automatizadas na sua maioria, não possuem nenhuma placa ou material informativo que desse alguma pista de quem são os animais pré-históricos. E todos estão misturados sem qualquer critério.

Em um mesmo ambiente, convivem espécies tão distintas —e distantes— como o Stegosaurus americano e o Velociraptor asiático, que, além da distância geográfica, também viveram em épocas distintas.

É verdade que há outras espécies de carnívoros no parque além do T. rex, mas todas são de origem mais recente. Elas não conseguiriam se alimentar, por exemplo, do Amargasaurus exposto no local, representante de uma família de dinossauros herbívoros com distribuição no hemisfério sul, conhecidos pelas espinhas expandidas que formam uma espécie de vela no pescoço.

Já o anquilossauro, que conviveu com o T. rex no final do período Cretáceo, de aparência exótica dada a sua cobertura de osteodermas e carapaça, e o hadrosaurídeo Parasaurolophus, herbívoro com uma cabeça de bigorna, chamam a atenção por serem representações muito bem-feitas dos bichões mais esquisitos que habitavam a Terra há 70 milhões de anos.

Mas nem todos os dinossauros são identificáveis. Outras representações de carnívoros carregam traços do T. rex, como um único par de dedos nos membros superiores, mas uma cabeça que mais se parece com a dos terópodes do gênero Carcharodontosaurus, facilmente reconhecidos por duas cristas no topo, da ponta do nariz até o supercílio. Houve uma, por assim dizer, licença poética na representação de alguns dinos.

É triste ver ainda a falta de representação de espécies fósseis descobertas no Brasil. Uma das atrações é uma espécie de barco viking com corpo de pterossauro —que são répteis pré-históricos, mas não dinossauros. Mas ele se assemelha mais aos pterodáctilos americanos do que aos que existiram por aqui, como os pterossauros com cristas na cabeça encontrados na região do Araripe, no Nordeste, como o conhecido Tupandactylus.

Como a imagem de um pterossauro que povoa o imaginário coletivo é mais de uma combinação de ave de rapina com lagarto voador, fica difícil até mesmo de imaginar qual espécie inspirou a atração —se é que alguma tenha inspirado.

Se deixar a ciência de lado, o espaço é até divertido e traz opções tanto para crianças quanto para adultos. É verdade que dinossauros despertam curiosidade e encantamento, sobretudo entre os pequenos, mas não faria mal uma boa dose de ciência na hora da diversão.

T-Rex Park

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