Descrição de chapéu ataque à democracia
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Saiba onde ver, em SP, obras de artistas que tiveram peças danificadas em invasão golpista

Capital paulista tem acervo de Di Cavalcanti, Athos Bulcão e Brecheret

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São Paulo

Entre os vários danos deixados pelos manifestantes golpistas que invadiram, neste domingo (8), as edificações da Praça dos Três Poderes, um dos mais emblemáticos foi aquele causado à tela "Mulatas", pintada em 1962 por Di Cavalcanti. Mas não só. Também foram danificadas obras de nomes como Alfredo Ceschiatti, Athos Bulcão e Victor Brecheret, que ajudaram a dar cara à arte brasileira.

Prolíficos, esses artistas têm várias obras espalhadas em museus, institutos, acervos e até vias públicas do Brasil. Em São Paulo, por exemplo, é possível encontrar várias delas em locais como a Pinacoteca, o Masp, o Tomie Ohtake, mas também em praças e ruas da capital.

Confira, abaixo, um guia para conhecer de perto as obras destes nomes que tiveram suas obras violadas em Brasília.

Alfredo Ceschiatti
O mineiro trabalhava frequentemente com o arquiteto Oscar Niemeyer —da parceria surgiram obras no Complexo da Pampulha, em Belo Horizonte, por exemplo, e várias outras na capital brasileira. A famosa "A Justiça", de 1961, que fica na frente do Supremo Tribunal Federal, foi pichada na frente e nas costas na invasão deste domingo, 8.

Por aqui, é possível conferir o trabalho de Ceschiatti de graça, no segundo piso da Estação Sé do metrô. Datada de 1978, a obra é uma escultura de uma mulher deitada. Ele também aparece na Praça do Patriarca, onde foi instalada uma escultura de José Bonifácio de Andrada e Silva, de 1972.

Foyer do Auditório Simón Bolívar; espaço tem a obra 'Pomba', de Alfredo Ceschiatti
Foyer do Auditório Simón Bolívar; espaço tem a obra 'Pomba', de Alfredo Ceschiatti - Eduardo Knapp/Folhapress

O artista também assina "Guanabara", feita em bronze entre 1960 e 1969, que atualmente fica na sala 7 da Pinacoteca, e "Pomba", no foyer do Auditório Simón Bolívar, no Memorial da América Latina —outra parceria com Oscar Niemeyer, que projetou o espaço.

Estação Sé - pça. da Sé, sem número, 2° andar. Todos os dias, das 4h40 a 0h
Praça do Patriarca - centro histórico
Pinacoteca - pça. da Luz, 2, Luz, região central. Qua. a seg., das 10h às 17h. Qui. e sáb., das 10h às 19h. R$ 20 (às terças e quintas a entrada é gratuita entre 18h e 19h)
Auditório Simón Bolívar - Memorial da América Latina, av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda (aberto somente para eventos)


Athos Bulcão
O pintor e escultor carioca, outro parceiro de Niemeyer, que teve um painel danificado na Câmara dos Deputados, pode ter obras contempladas em dois espaços de São Paulo. Um deles é a sala 3 da Pinacoteca — que guarda uma obra de 1998 chamado "A Trama". Outro é a lanchonete do Memorial da América Latina, que tem, nos fundos, um painel em cerâmica de 1988.

Pinacoteca - pça. da Luz, 2, Luz, região central. Qua. a seg., das 10h às 17h. Qui. e sáb., das 10h às 19h. R$ 20 (às terças e quintas a entrada é gratuita entre 18h e 19h)
Memorial da América Latina - av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda. Ter. a dom., das 10h às 17h

Obra de Athos Bulcão 'A Trama', de 1998, em exposição na Pinacoteca
Obra de Athos Bulcão 'A Trama', de 1998, em exposição na Pinacoteca - Divulgação

Bruno Giorgi
Os invasores também danificaram a obra "O Flautista", de Bruno Giorgi, que fica no Palácio do Planalto. Há uma obra do escultor à mostra em São Paulo —é "O Pastor", feita em bronze na década de 1960 e incluída na exposição "Centelhas em Movimento", no Tomie Ohtake.
Instituto Tomie Ohtake - r. Coropé, 88, Pinheiros, zona oeste. Ter. a dom., das 11h às 20h. Até 19/4. Grátis


Di Cavalcanti
Um dos maiores nomes do modernismo nas artes visuais, o pintor e muralista tem várias de suas obras espalhadas pela cidade. No Masp, por exemplo, três pinturas podem ser vistas de perto na exposição de longa duração do espaço: "Cinco Moças de Guaratinguetá", pintada em 1930, "Mulata", feito por volta de 1947, e "Mulata em Fundo Verde", de 1963.

Na Pinacoteca, o artista é representado na sala 16, com a obra "Amigos", produzida em 1921, que inclusive integraria a Semana de Arte Moderna de São Paulo um ano depois. Ele também integra a exposição "Centelhas em Movimento", no Instituto Tomie Ohtake, com 11 obras, como "Bahia", de 1936, "Figuras", de 1958, e "Banhistas", de 1928.

Entre as obras que podem ser vistas em vias públicas, há um mural feito na década de 1950 com mais de 60 mil pastilhas para homenagear a imprensa na então fachada da redação do jornal O Estado de S. Paulo —hoje o local é do Novotel São Paulo Jaraguá.

Também na região central de São Paulo, na fachada do Teatro Cultura Artística, fica o maior painel de Di Cavalcanti na cidade, inaugurado em 1950 com 48 metros de largura por oito metros de altura. Perto dali, no Edifício Triângulo, há outro neste formato. Embora menor e mal conservado, o mosaico fica logo no térreo do edifício e retrata figuras no mundo do trabalho, bem na linha daquilo que São Paulo propunha ser na década de 1950, quando concluído.

No hall do Edifício Montreal, projetado por Oscar Niemeyer nos anos 1950 para servir como o primeiro edifício de quitinetes da capital paulista, o artista carioca também tem três afrescos.

Detalhe de afresco de Di Cavalcanti na fachada do Teatro Cultura Artística, em São Paulo
Detalhe de afresco de Di Cavalcanti na fachada do Teatro Cultura Artística, em São Paulo - Christian von Ameln/Folhapress

Pinacoteca - pça. da Luz, 2, Luz, região central. Qua. a seg., das 10h às 17h. Qui. e sáb., das 10h às 19h. R$ 20 (às terças e quintas a entrada é gratuita entre 18h e 19h)
Novotel São Paulo Jaraguá - r. Martins Fontes, 71, Consolação, região central
Teatro Cultura Artística - r. Nestor Pestana, 196, Consolação, região central
Edifício Triângulo - r. José Bonifácio, 24, Sé, região central
Edifício Montreal - av. Ipiranga, 1.284, República, região central
Instituto Tomie Ohtake - r. Coropé, 88, Pinheiros, zona oeste. Ter. a dom., das 11h às 20h. Até 19/4. Grátis


Frans Krajcberg
Naturalizado brasileiro, o artista polonês conhecido pelo trabalho com elementos da natureza teve a obra "Galhos e Sombras", que ficava no Palácio do Planalto, danificada. Em São Paulo, a Pinacoteca expõe uma obra sem título datada de 1972, que faz uma junção de tinta sobre papel colado e plástico.
Pinacoteca - pça. da Luz, 2, Luz, região central. Qua. a seg., das 10h às 17h. Qui. e sáb., das 10h às 19h. R$ 20 (às terças e quintas a entrada é gratuita entre 18h e 19h)

Obra Sem título, de 1972, do artista Frans Krajcberg; peça está exposta na Pinacoteca
Obra Sem título, de 1972, do artista Frans Krajcberg; peça está exposta na Pinacoteca - Divulgação

Jorge Zalszupin
É o único dos nomes desta lista a ter um espaço dedicado integralmente a ele. O arquiteto e designer que concebeu a cadeira da presidente do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber, arrancada neste domingo, tem criações expostas na casa que ele projetou e viveu por seis décadas. As visitas ao espaço, que também é dedicado à pesquisa e documentação das artes e do design, são feitas sob agendamento.
Casa Zalszupin - r. Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138, Jardim América, região oeste. Seg. a sex., das 10h às 17h. Sáb., das 10h às 14h. casazalszupin.com


Sônia Ebling
A escultura "Maria, Maria", da artista brasileira, foi danificada na Câmara dos Deputados. Na capital paulista, uma de suas obras, "Luiza", de 2000, fica exposta no jardim da Pinacoteca.
Pinacoteca - pça. da Luz, 2, Luz, região central. Qua. a seg., das 10h às 17h. Qui. e sáb., das 10h às 19h. R$ 20 (às terças e quintas a entrada é gratuita entre 18h e 19h)


Victor Brecheret
O escultor ítalo-brasileiro teve sua "Bailarina", que ficava na Câmara dos Deputados, arrancada da base e jogada no chão. É da autoria do artista, que também integrou a Semana de Arte Moderna de São Paulo, uma das esculturas mais reconhecíveis de São Paulo, o Monumento às Bandeiras, que fica na frente do Parque Ibirapuera desde 1953.

Também aparecem distribuídas pela capital o Monumento a Duque de Caxias, na Praça Princesa Isabel, o "Fauno", no Parque Tenente Siqueira Campos —também conhecido como Parque Trianon, e "Depois do Banho", no Largo do Arouche.

Em locais fechados, há ainda as obras "Diana Caçadora", de meados de 1920, que fica no hall lateral do Theatro Municipal, e "Cabeça de John Graz", da década de 1940, na sala 1 da Pinacoteca. Na exposição "Centelhas em Movimento", que fica em cartaz até o dia 19 de abril, no Instituto Tomie Ohtake, há ainda 12 obras do artista —entre elas, "Figura Feminina", de 1934, "Cabeça", feita em meados de 1940, e "Ídolo", de meados de 1919.

Monumento às Bandeiras - pça. Armando de Sales Oliveira, Vila Mariana, região sul
Praça Princesa Isabel - Campos Elíseos, região central
Parque Tenente Siqueira Campos (Trianon) - r. Peixoto Gomide, 949, Cerqueira César. Diariamente, das 6h às 18h
Largo do Arouche - região central
Theatro Municipal de São Paulo - pça. Ramos de Azevedo, s/nº, Sé, região central
Pinacoteca - pça. da Luz, 2, Luz, região central. Qua. a seg., das 10h às 17h. Qui. e sáb., das 10h às 19h. R$ 20 (às terças e quintas a entrada é gratuita entre 18h e 19h)
Instituto Tomie Ohtake - r. Coropé, 88, Pinheiros, zona oeste. Ter. a dom., das 11h às 20h. Até 19/4. Grátis

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