Cantor Evandro Bene homenageia Wilson Batista em show no Sesc Santo André

Artista relembra compositor que fez mais de 500 músicas e se envolveu em duelo com Noel Rosa

Fernando Silva
São Paulo

Para o cantor e violonista Evandro Bene, 39, o sambista Wilson Batista (1913-1968) costuma ser "subdimensionado". Assim, na tentativa de corrigir tal injustiça, ele apresenta somente obras do artista em show, nesta quinta (31), no Sesc Santo André.

“[Era] Um compositor monumental, do nível do Noel [Rosa, 1910-1937], do Ary Barroso [1903-1964], do Assis Valente [1911-1958], mas não está no ‘hall’ de notoriedade [deles]”, diz.

Criado em 2013 por Bene, em comemoração ao centenário de nascimento de Batista, o espetáculo "O Maior Sambista Brasileiro" louva algumas das mais de 500 canções registradas por ele.

Entre as músicas exibidas no show, que é parte do projeto "Era do Rádio", da unidade do Sesc no ABC Paulista, está a parceria com Geraldo Pereira (1918-1955) “Acertei no Milhar” (eternizada por Moreira da Silva [1902-2000], traz os versos "Acertei no milhar/Ganhei 500 contos/Não vou mais trabalhar/Você  dê toda a roupa velha aos pobres/E a mobília podemos quebrar").

Cantor e violonista Evandro Bene faz show em homenagem a Wilson Batista no Sesc Santo André
Cantor Evandro Bene e banda homenageiam Wilson Batista em show - Divulgação

No repertório, há ainda as faixas do duelo musical envolvendo o compositor e Noel Rosa, ocorrido na década de 1930. Nascido de uma disputa amorosa por uma mulher, o rol de réplicas e tréplicas em forma de letras rendeu frutos como “Feitiço da Vila” e "Palpite Infeliz", de Rosa, e "Lenço no Pescoço" e “Conversa Fiada”, de Batista. Bene e sua banda tocam todas elas.

O artista andreense destaca também “Oh, Seu Oscar”, a sua preferida. “Começa com um cara que chegou cansado do trabalho. Depois, vem alguém e diz 'está fazendo meia hora que sua mulher juntou as coisas, foi embora de casa e deixou um bilhete'. E esta mensagem é a voz da esposa." Na trama do samba, a personagem troca o marido pela farra. "Com quatro frases e três personagens, ele faz dramaturgia de maneira fluente. Batista tinha essa facilidade, era muito imaginativo", diz.   

Evandro Bene e Banda

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