Os conflitos psicológicos presentes em "A Amante Inglesa", livro da francesa Marguerite Duras (1914-1996), foram intensificados na peça "Amante", versão teatral que a companhia Club Noir estreia neste sábado (19) no CCBB (centro de São Paulo).
Baseada em um fato real ocorrido na França nos anos 1960, a história trata de um assassinato de uma empregada surda-muda. Seu corpo foi esquartejado e os pedaços foram colocados em malas encontradas em trens.
O que Duras descreve em sua obra e que se torna mais presente na montagem são os motivos que levaram ao macabro crime.
"Acho o texto extremamente interessante no levantamento das complexidades que extrapolam a relação causa e efeito", explica o diretor Roberto Alvim, que, em sua adaptação, procurou atualizar a linguagem da obra original, escrita há mais de 40 anos.
A trama se concentra nos interrogatórios feitos por um investigador (Bruno Ribeiro) à acusada --a patroa (Juliana Galdino) da vítima-- e a seu marido (Caco Ciocler).
Cria-se em cena um "limbo" psicológico. Diferentemente da narrativa de Duras, tempo e espaço das ações se misturam. Em certos momentos, até as identidades dos personagens são trocadas, emaranhado semelhante à desorganização mental dos interrogados.
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