O cinema polonês, representado por distintas gerações nesta Mostra, confirma a atração, mesmo de seus realizadores mais jovens, pela história próxima ou distante. Não se trata de nostalgia por tempos sobrecarregados de traumas, mas de esforços incomuns para impedir a memória de esquecer o pior. Os 13 títulos do Foco Polônia são assinados por cineastas na faixa dos 30 e dos 40 anos, com exceção do veterano Piotr Dumala, nascido em 1956.
A seleção reitera que os sombrios seis anos de duração da Segunda Guerra e as décadas sob a influência soviética continuam a ser um passado que não passa.
A exemplo do premiado "Ida", filmes como "Noite de Celebração" e "Ederly" adotam a fotografia em preto e branco para produzir um efeito plástico que não tem nada de nostálgico. A escolha reflete um passado que ocupa uma zona cinzenta da memória.
Já as cores desbotadas no impactante "Aranha Vermelha" ajudam a reconstituir de forma alegórica a opressão do período socialista ao narrar a trajetória de um jovem fascinado pelo poder de matar.
Outros títulos recriam o passado de modos mais convencionais para abordar a reação polonesa à ocupação nazista. "Klezmer" trata da convivência com os judeus durante o Holocausto, cuja implantação em escala industrial ocorreu em território polonês, e "Solstício de Verão" analisa as mudanças nas relações entre dois jovens que passam de amigos a inimigos quando os alemães invadem o país.
Quando escapam da teia da memória, os realizadores contemporâneos reivindicam o vigor de tradições que garantiram para a Polônia um lugar proeminente no mapa mundial do cinema. Entre elas, aparece o gosto pela experimentação narrativa, que faz de "A Última Família" uma boa aposta para quem busca novidades. Já a provocação de tipo surrealista e o humor à beira do absurdo garantem o prazer da surpresa que títulos como "Baby Bump" e "A Atração" podem proporcionar.
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