'Futuro Perfeito' retrata vida de imigrantes chineses em Buenos Aires

Quem passa um tempo em Buenos Aires não tem como não notar como a cidade, na última década, encheu-se de imigrantes chineses que vêm buscar neste distante ponto do mapa uma oportunidade de trabalho.

Geralmente empregam-se em lavanderias, açougues ou, de forma mais generalizada, em pequenos supermercados que, por comprar no varejo e gastar muito pouco com mão de obra, basicamente dos familiares, costumam ser mais baratos que as redes tradicionais.

"Vamos ao 'chino' e resolvemos", costuma ser a solução rápida e prática dos portenhos com fome, pressa ou pouco dinheiro.

Xiaobin Zhang em cena de "Futuro Perfeito"  *** ****
Xiaobin Zhang em cena de "Futuro Perfeito" - Divulgação

Mas poucos argentinos conversam de fato com eles, ou sabem como pensam. De fato, parecem duas civilizações distintas habitando o mesmo espaço físico.

Só por tentar investigar a dinâmica dessas duas dimensões de Buenos Aires, o filme da alemã Nele Wohlatz, nascida em Hannover, mas já vivendo na capital argentina há sete anos, tem grande mérito.

"Futuro Perfeito", premiado em Locarno, acompanha uma imigrante chinesa, encarnada por uma não atriz, Zhang Xiaobin, que acaba de chegar à cidade onde seus pais já estão empregados em lavanderias e mercados. A pressão para que encontre rápido um trabalho e pague a mãe pela passagem desde a China causa tensão na jovem de 17 anos, que mal consegue balbuciar palavras em espanhol.

A trama se constrói em várias camadas. Numa, está Xiaobin, agora chamada de Beatriz, tentando aprender espanhol numa classe com outros imigrantes.

Em outros planos, desenvolvem-se cenários reais ou imaginários do que poderia ser sua vida na Argentina. O encontro com um namorado indiano, o choque com os pais opressores, a proibição (descumprida) de interagir com argentinos e a vontade de ser independente vão formando seu desafio, em meio à tentativa de formar uma identidade numa paisagem tão diferente e, por vezes, hostil.

Talvez por também ser estrangeira e ter tido suas dificuldades com o idioma e a cultura, Wohlatz fez um filme leve e até bem-humorado para um tema que é dramático e bastante presente, embora pareça existir apenas numa realidade paralela de Buenos Aires.

Sessões: Dias 24, às 20h40 (Cinearte 1); 25, às 14h (Reserva Cultural 2); 27, às 16h15 (Espaço Itaú - Frei Caneca 6); 29, às 19h15 (Espaço Itaú - Augusta 4); e 1º, às 20h45 (MIS)
Ingressos: Segundas, terças, quartas e quintas: R$ 18 (inteira) e R$ 9 (meia)
Sextas, sábados e domingos: R$ 22 (inteira) R$ 11 (meia); vendas pelo site Ingresso.com com antecedência de um a três dias da sessão. No dia da sessão os ingressos estarão à venda somente nas salas de cinema

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