A retrospectiva de 17 filmes de Andrzej Wajda ganhou ainda mais relevância com a morte do diretor polonês no último dia 9. Os 56 títulos de sua filmografia se imbricam tanto com as intempéries históricas da Polônia que deixaram de ser apenas filmes para se tornar documentos.
Apesar de incompleto, o recorte traz a fundamental trilogia da guerra, composta por "Geração", "Kanal" e "Cinzas e Diamantes", na qual a influência do neorrealismo italiano pauta a sincronia dos filmes com a vida. Wajda se impõe com uma visão dissidente da política e a fortalece com o rigor na construção das imagens.
O conjunto "O Homem de Mármore", "Sem Anestesia" e "O Homem de Ferro" reafirma a crença do diretor em um cinema não limitado a refletir a realidade, mas capaz também de provocar mudanças.
Além desses títulos balizados, a retrospectiva permite reconsiderar o alcance de seu projeto de escrita da história, praticada com brilho em "Cinzas", "O Casamento" e "Terra Prometida" antes de sucumbir aos próprios excessos em "Danton".
Se o conjunto da obra pode dar a impressão de um cineasta convencional até demais, "Tudo à Venda" demonstra como o diretor aproveitou o momento modernista do cinema para refletir sobre o que fazer quando tudo perde a importância.
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