Transformar um livro em cinema, para o jornalista e escritor Marçal Aquino, "é um reino muito pantanoso, um lugar onde os erros estão à espreita". Aquino é roteirista de filmes como "Cão sem Dono" (2007) e "Nina" (2004).
Seu livro "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios" deu origem ao longa homônimo de Beto Brant, lançado neste ano e roteirizado pelo próprio escritor.
Ele já havia adaptado obras suas, a exemplo de "O Invasor" (2002), mas, como afirma, sempre a pedido de algum diretor.
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Abaixo, o autor conta ao "Guia" como é o seu processo de criação.
1. A primeira coisa que a gente faz é ler o livro, umas 200 vezes, para tentar captar a tal essência necessária ao roteiro. Só assim o roteiro será digno daquele livro. Às vezes é apenas um aspecto da obra que interessa ao diretor.
2. Anoto, então, o que vai interessar para a adaptação. Isso varia muito; às vezes, é uma cena que dá vontade de conservar integralmente, às vezes é um diálogo.
3. Normalmente eu escrevo com o diretor. É muito raro eu trabalhar sozinho. Isso permite que eu me mantenha próximo daquilo que o diretor está buscando, porque o filme é dele, ele é o maestro.
4. A gente desenvolve um argumento, que é a história do livro reduzida a um "termo", digamos assim.
5. A partir desse argumento, nós fazemos uma escaleta, que é um desenho cena por cena de como vai ser a abordagem do texto.
6. Descrevo cenas e diálogos. Defino os personagens com o máximo de informações do livro ou até onde o diretor desejar. Mas também reservo um espaço para o ator poder criar.
7. Por fim, escrevo quantas versões da história forem necessárias. Até que o diretor se dê por satisfeito e considere que aquilo é o que será levado para o set. O texto, então, é trabalhado por outras pessoas, porque, afinal, o roteiro é um processo coletivo.
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