Tendência na noite paulistana, música eletrônica feita ao vivo ganha festa

Manipulando os fios coloridos que se destacam de uma engenhoca metálica, Rodrigo Coelho —ou grassmass— cria música ao vivo. O live eletrônico, como é denominado o formato de apresentação que inclui a manipulação de sintetizadores, outros instrumentos eletrônicos e computador (não necessariamente todos juntos), já era feito nos anos 1980. No entanto, desde 2013 tem ganhado força em São Paulo. Aproveitando o momento, nesta quarta (8), o selo Uivo lança a Oven, uma festa focada neste estilo de performance na Orb, na zona oeste.

"É uma questão do momento mesmo. Os lives estão ficando mais fortes nas cidades. Já fizemos outros eventos, mas este é o primeiro focado em música eletrônica", diz Coelho. Idealizado por ele e por um de seus sócios de selo, Chico Cornejo (Guilherme Silva é o terceiro sócio), o projeto deve se tornar mensal e não terá residentes. Para a primeira edição, foram chamados os produtores Psilosamples e Zopelar, além do próprio Coelho, que fecha a noite. Cada um se apresenta por cerca de uma hora.


Festas como Capslock, Mamba Negra e Odd também apostam neste tipo de performance como foco de seus line-ups. A cantora, compositora e produtora Erica Alves, da banda The Drone Lovers, faz live a cerca de um ano e diz que a tendência tem relação com o desenvolvimento das ferramentas. "É um formato novo no sentido de que faz pouco tempo que temos tecnologia pra fazer música eletrônica ao vivo. Até 20 anos atras as máquinas eram muito grandes pra levar para o palco. Hoje, temos sintetizadores de bolso pra fazer uma apresentação ao vivo", explica.

O live é feito por produtores, as pessoas que criam faixas para os DJs. É um processo criativo. "O DJ não precisa de muito recurso. Ele é mais um curador, seleciona as músicas. A natureza do live é outra. É um trabalho de músico. Você consegue ter a sensação de que está vendo uma banda ou até uma orquestra", diz Erica. "São trabalhos diferentes. Como um professor e um monitor de sala de aula. A remuneração é diferente também", continua.

Coelho exemplifica. "Uma faixa pode ser equalizada e um pouco modificada, mas ela é fechada. No formato live, você tem todos os canais: uma bateria, um baixo e outros instrumentos que podem ser manipulados ao vivo", exemplifica. É música de pista, mas autoral.

Mais de 50 % do set é construído na hora. E como é feito desta forma, vai se modificando ao longo do tempo. Coelho mistura ritmos pernambucanos, músicas tradicionais e samples com a programação da máquina do sintetizador. Neste misto de tecnologias, ele consegue mudar um timbre, por exemplo. "Você consegue fazer muito mais do que um DJ que tem mil faixas na mão", conta Coelho.

Festa Oven. R. Joao Ramalho, 986, Perdizes. Qua. (8): 23h. Ingr.: R$ 20. 18 anos.


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