Desde que estreou, em maio de 2011, a peça "O Jardim", da Cia. Hiato, tem arrancado elogios, recebido prêmios (como o Shell de melhor autor, Leonardo Moreira, e melhor cenário, Marisa Bentivegna) e comovido a plateia que a assiste.
No começo de agosto, o espetáculo dirigido pelo jovem e talentoso Leonardo Moreira reestreou no Tusp (centro de São Paulo) e faz temporada apenas até o dia 26 de agosto, sempre de quinta a domingo (e o ingresso custa apenas R$ 20).
Para conceber a montagem, o grupo de atores partiu de suas próprias biografias, fato que fica claro no techo final da peça.
A trama é dividida em três partes e retrata a saga de uma mesma família em três épocas diferentes, em 1938, 1979 e 2011.
"Acho que esse é o projeto mais pessoal da companhia. Transformamos nossas memórias em ficção", explicou ao "Guia" o dramaturgo e diretor Leonardo Moreira à época da estreia.
Em um cenário dividido por caixas de papelão, as cenas acontecem simultaneamente --a ordem da história depende de onde o espectador se senta na plateia.
Spoiler
No núcleo do ano de 1938, os atores Fernanda Stefanski e Thiago Amaral vivem um casal que acaba de se separar e remoe uma esperança de futuro que nunca irá acontecer. É a parte mais dramática e emocionante das três.
Anos depois, em 1979, Luciana Paes e Mariah Amélia Farah interpretam duas irmãs que preparam uma festa de aniversário para o já idoso pai (o ator convidado Edison Simão) enquanto arrumam as coisas dele para levá-lo a um asilo.
No tempo presente, Aline Filócomo e Paula Picarelli são responsáveis pelo quadro mais cômico dos três. Ao mesmo tempo, despedem-se do jardim que uniu todos os personagens.
Cia. Hiato
A Cia. Hiato, como o nome já explicita, surgiu com o intuito de pesquisar as lacunas nas relações humanas.
Em 2007, a trupe lançou sua primeira peça, "Cachorro Morto", baseada nos livros "O Estranho Caso do Cachorro Morto", de Mark Haddon, "Nascido num Dia Azul", de Daniel Tammet, e "A Música dos Números Primos", de Marcus du Sautoy.
Na montagem, os atores se revezam em todos os papéis e contam a história de um menino com síndrome de Asperger (espécie de autismo) que, após encontrar o cachorro da vizinha morto no jardim, vai em busca do responsável pelo assassinato do animal. A sua procura o leva a outra descoberta: a de sua própria história.
"Escuro" foi a segunda peça do grupo e já despontou como destaque em 2009. A partir de uma teia de narrativas, a peça reflete sobre a inadequação, outras formas de percepção da realidade e diferentes perspectivas sobre o cotidiano. O espetáculo recebeu três Prêmios Shell.
Em comum, as peças do coletivo trazem personagens com os nomes dos próprios atores. Aline Filócomo é sempre "Aline", Mariah Amélia é sempre "Mariah Amélia".
Para outubro, o grupo promete um novo trabalho: "Ficções", composto de seis monólogos (em um total de seis horas de duração), que poderão ser vistos de uma vez ou separadamente. Agora é esperar ansiosamente e ver se esse será mais um sucesso do grupo.
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