Na eleição de melhores eventos de 2016, os especialistas convidados pelo "Guia" apontaram "Leite Derramado" como a melhor estreia teatral do ano.
A montagem, adaptação de um texto de Chico Buarque, levou vantagem sobre um empate quintúplo na 2ª colocação e um empate triplo na 3ª —veja abaixo os votos que cada um recebeu.
A peça "Leite Derramado" mostra uma visão panorâmica de séculos da história do Brasil e tem como protagonista Eulálio D'Assumpção (Juliana Galdino), que, aos cem anos, se vê abandonado em uma maca num corredor de hospital público. Herdeiro de uma tradicional família, ele agora está falido e precisa lidar com a precariedade trágica do sistema de saúde.
A edição de melhores do ano do "Guia", que circula nesta sexta-feira (30), apontou os destaques da vida cultural paulistana em 2016, em 16 categorias. Conheça todos os vencedores aqui.
Na eleição feita entre os leitores, quem se deu melhor entre as estreias teatrais foi "Sobre Ratos e Homens", de Kiko Marques, que recebeu 25% dos votos.
1º lugar (6 pontos): "Leite Derramado"
2º lugar (empatados com 3 pontos): "O Testamento de Maria", "Caranguejo Overdrive", "Projeto Brasil", "Cabras..." e "Fluxorama"
3º lugar (empatados com 2 pontos): "Sonata Fantasma Bandeirante", "Nós" e "Sínthia"
- Fabiana Seragusa, repórter de teatro do "Guia"
1º lugar: "O Testamento de Maria". Lembro de no meio da peça ficar pensando: Que obra-prima!
2º lugar: "Leite Derramado". A história mexe profundamente com cada um de nós, e o desfecho é arrebatador
3º lugar: "As Benevolentes". É tão perturbadora que, quando termina, o público demora até conseguir aplaudir
Pior do ano: "M.U.R.S.", do La Fura dels Baus. Interatividade chocha e brincadeiras vergonhosas
- Gabriela Mellão, diretora, crítica e autora teatral
1º lugar: "Projeto Brasil". Quando a impossibilidade de revelar a complexidade do Brasil se torna linguagem
2º lugar: "Nós". Grupo Galpão alcança o feito da reinvenção tirando a performance para dançar
3º lugar: "Leite Derramado". Poesia cênica dos 500 anos de um Brasil tão exuberante quanto miserável
Pior do ano: Instituto Cultural Capobianco/Teatro da Memória. O importante espaço fomentador do teatro fechou suas portas
- Lenise Pinheiro, repórter-fotográfica e editora do blog "Cacilda"
1º lugar: "Caranguejo Overdrive". Atores enlameados, musicais e em carne viva. Carolina Virguez personalíssima
2º lugar: "Sonata Fantasma Bandeirante". Elenco de feras nos rastros de colonização e sangue
3º lugar: "Inútil a Chuva". Atuações vívidas entre afetos, deixas e sombras. Magia e arte no texto de Jopa e Paulo de Moraes
Pior do ano: não citou
- Valmir Santos, crítico teatral
1º lugar: "Cabras - Cabeças que Voam, Cabeças que Rolam". Cia. Balagan divisa pelejas pela raiz e chama à beleza do pensamento cênico
2º lugar: "Sínthia". Velha Cia. sincroniza sequelas da ditadura e afetos do sujeito. Isto não é anistia
3º lugar: "Leite Derramado". Clube Noir encena a elite brasileira quando velha, entre a história e o histrião
Pior do ano: "Garrincha: Uma Ópera das Ruas". Bob Wilson dá tratamento exótico à arte (e à vida) do driblador e contrasta excelência técnica
- Ruy Filho, editor da revista "Antro+"
1º lugar: "Fluxorama". O excepcional texto de Jô Bilac abre espaço para interpretações surpreendentes
2º lugar: "Leite Derramado". Roberto e Juliana vencem as fragilidades de Chico Buarque com uma obra própria
3º lugar: "Na Selva das Cidades". Atualiza a obra com urgência necessária ao presente
Pior do ano: Escândalos no Theatro Municipal. Os possíveis atos de corrupção, disputas e negligências atingirão em cheio 2017
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Cada integrante do júri elegeu três destaques em ordem de preferência. Foram distribuídos pontos da seguinte maneira:
1º lugar = 3 pontos
2º lugar = 2 pontos
3º lugar = 1 ponto
Os vencedores foram determinados pela soma dos pontos dos eleitos de cada jurado. Não houve desempate. Os jurados também puderam indicar, em suas categorias, o pior do ano (alguns preferiram não fazê-lo).
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